"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Livre arbítrio

Somos dotados de livre arbítrio.

Em todas as nossas ações , em todos os nossos desejos e até mesmo naquilo que pensamos , o livre arbítrio nos faz decidir e escolher , nos faz realizar ou deixar de realizar , seguir ou desistir , pensar ou esquecer , querer ou reprimir , aceitar ou recusar...


O livre arbítrio nos é dado desde sempre e é o que permite sermos responsáveis e co-criadores de nosso destino , porque , enquanto a vida nos oferece as oportunidades e os momentos cruciais , nós é que devemos decidir e optar por onde caminhar , como caminhar , quando ir e o que fazer. Desse modo não há como dizer ou reivindicar opções delegadas por outros ou por apenas determinadas circunstânicas.

Nosso livre arbítrio está presente nos mínimos e nos máximos detalhes de nossa vida e é uma ação universal , ou seja , todas as pessoas são dotadas de livre arbítrio.


Outra coisa importante a destacar diz em relação ao que não podemos interferir , nossas ações e decisões não podem interferir ou modificar as ações e reações dos outros , porque eles , assim como nós , são dotados de livre arbítrio e a eles , apenas a eles caberão suas decisões...


Por mais que façamos , por mais que queiramos , por menos que entendamos , não há como modificar ou esperar algo de uma decisão que venha de outrem.

Cabe a nós apenas aceitarmos e esperar sempre que nós consigamos fazer o nosso melhor , para que assim , dessa forma , nós consigamos também alcançarmos o que houver de melhor para nossas vidas.


Por isso nos é inevitável a lei de Ação e Reação e a vida nos cobra , exatamente tudo , independentemente do tempo que leve , todas as nossas ações , quer sejam boas ou más , serão cobradas novamente e caberá apenas a nós decidirmos como iremos trilhar por entre esses novos caminhos que se descortinam à nossa frente.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Como você pode saber se alguém realmente lhe ama?


Decididamente hoje eu estava sem inspiração para postar nada e qual não foi a minha surpresa feliz quando abri meu Blog e me deparei com o atalho das Palavras de Osho com esse belíssimo e encantado texto que compartilho aqui com vocês... Era tudo o que eu queria ler hoje , era tudo o que eu queria entender hoje , era tudo o que eu queria ter hoje e saber de todas essas coisas que ele disse aqui.
Graças a Deus , me enquadro na humilde qualidade de poeta que ele expõs em suas linhas e sei exatamente do tipo de amor que ele fala ali, pois é como eu amo. Nunca amei uma forma física ou um corpo, sempre amei o que ia na alma da pessoa e consigo enxergar isso, consigo ir atrás da alma das pessoas e sei exatamente o que elas trazem e si mesmas , quando uma alma é límpida e pura ela se reflete no exterior , ela irradia e me atrai. Sou assim com meus amigos , sou assim com as pessoas que amo e sou adepta ao que ele diz também , não há necessidade de se acorrentar a uma só pessoa durante uma vida toda. Há que se respeitar os tempos do amor e esses tempos variam de pessoa para pessoa, para uns é necessário mais tempo, para outro menos , amar é o importante e toda a intensidade do amor enquanto ele esteja vivo entre os dois... Mas leiam o texto porque ele tem muito mais a dizer do que minhas opiniões formadas a respeito disso. Falou com a minha alma esse texto hoje !

Como você pode saber se alguém realmente lhe ama?

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Diferenças entre os 20 e os 30 e poucos...

Aos 20 anos eu era bem diferente do que sou hoje. Não na essência , essa não desaparece , não também nos sonhos , esses sempre tiveram o mesmo teor , mas nas atitudes e no modo de encarar a vida .  Algumas coisas mudaram e, devo reconhecer que foi para melhor... Muito melhor do que imaginaria naquela época !


Confesso que sempre tive muito medo de envelhecer , de me tornar uma pessoa ranzinza , racional demais , avessa a aventuras , incoerente com meus desejos e aspirações e sempre dizia para mim mesma que construiria um coração de Peter Pan , daqueles que nunca quer envelhecer ou assumir os cabelos brancos. As rugas ainda não apareceram (ufa!) e os cabelos que começam a querer mudar de tom a gente também começa a mudá-los antes que eles o façam sozinhos...

Mas a vida , mais uma vez me surpreendeu e me fez ver que não é bem assim que as coisas acontecem. Mudamos sim , coisas mudam , fatos nos fazem mudar as direções e os rumos daquilo tudo que almejávamos aos 20 anos , mas o certo é que a nossa essência , o que trazemos de maior e de real em nós, isso nunca se perde com o tempo que passa e isso é incrível .

Quando olho para trás e percebo exatamente isso , todas essas dimensões exatas dentro de mim , acho pura magia da vida e é como se houvesse uma grande simbiose de mim com aquela que era no passado , mas que trago hoje aqui bem próxima , ao meu lado , todos os dias.


Minha amiga querida de Blog , a Borboleta no Casulo , me diz sempre que pareço uma louca , uma adolescente que nunca cresceu e confesso que me sinto assim muitas vezes , como se ainda não tivesse crescido , mas não é bem assim , porque cresci e posso ver muitas coisas hoje do lado de fora e de um modo bem diferente de como via aos 20 anos.

Aos 20 anos todos , ou pelo menos a grande maioria de todos os nossos problemas parecem não ter solução , parecem ser eternos ! Para a mulherada , pelo menos é assim , para os meninos já não posso dizer com convicção , mas para nós achamos que se não temos namorado hoje seremos infelizes o resto da vida , seremos encalhadas e ninguém nunca vai nos olhar na face da Terra. Se todas as nossas amigas têm namorado há algo de muito errado e de sério conosco que não temos ainda e é melhor buscar uma terapia ou passaremos o resto de nossos dias amargando em solidão. Casamento é uma das prioridades da vez e se não casarmos até os 25 anos não teremos mais chance , já estaremos passadas para isso. Nós acreditamos nisso e a sociedade também nos cobra e nos faz achar que é verdade.


Aos 30 pude observar que mesmo namorando por muito tempo , muitas das minhas amigas casaram antes de mim , mas isso não mais me preocupava e demorei muito mesmo a ter certeza de querer realmente dar o passo do casamento , que já não era mais uma prioridade na minha vida , tinha vontade de muitas outras coisas , mas acabei me casando e quando achava que seria aos 23 ou 24 , o casamento só chegou para mim aos 32 anos...Uau ! Como demorou , mas não percebi muito porque a vida tratou de me encantar com outras coisas pelo meio tempo. Hoje , batendo na porta dos 35 , já penso que poderia ter optado tranquilamente em não me casar , isso não mudaria em nada o meu status de felicidade e os meus planos de vida. Ter alguém junto é ótimo , sim , mas o casamento é bem difícil , a vida a dois demanda certos cuidados demais e confesso que já é bem difícil cuidar de um só , imagina dois e depois três ou quatro com a possível chegada dos filhos...

Aos 20 pensamos em ser todas as profissões possíveis e imagináveis, cursamos a faculdade achando que será o diploma dos sonhos que nos trará o emprego dos sonhos e nossas maiores realizações. Ok. Para muita gente isso acontece mesmo , mas dali há alguns anos , passamos a olhar para nós, para nossa profissão , para o que temos vivido e vamos amadurecendo a ideia de colocarmos em prática nosso plano B , em mudarmos de ofício e isso na maior tranquilidade. Coisa que aos 20 nem pensamos nessa possibilidade e ainda dizemos : ISOLA , nem pensar em deixar ao vento todos os anos que amargurei na faculdade me arriscando por aí, tô fora... Mas a vida nos mostra que não, que é possível mudar sim , que ela é cíclica e aceita qualquer transformação que resolvemos dar a ela...


São diferenças sutis e cruciais essas que ocorrem dos 20 aos 30 e poucos , espero que as próximas , dos 30 e poucos aos 40 e poucos sejam também assim , inesperadas mas suaves , mudanças nas atitudes e nos efeitos mas nunca na essência que sempre permanecerá , pelo menos para mim , na casa dos 20 e poucos... com um coração bem jovem , puro e louco , sonhador até o final como é esse o meu aqui. Não quero ser racional nunca, prefiro mil vezes todas as loucuras de minhas emoções e sou muito feliz assim ! E que a vida possa mudar sempre que for necessário e desde que seja para melhor como sempre é...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Alguns filmes de minha vida


Jenniffer Beals em Flashdance - 1983
Outro dia estive pensando , nos filmes que sempre me recordo com muito carinho e sempre foram parte de minha vida. Me lembro também , como se fosse hoje , da primeira vez em que fui ao cinema assistir a um filme legendado porque havia aprendido a ler...Uau , como foi mágico aquilo ! Só não foi mais mágico do que ler o primeiro livro e esse fica de post para um outro dia , mas ir ao cinema e poder assistir a um filme legendado pela primeira vez me marcou demais...


Kevin Bacon em Footloose - 1986
Não sei porque hoje as pessoas preferem assistir a filmes dublados no cinema (preguiça de ler ?) , acho que perde todo o encanto... para ser dublado eu assisto na televisão , a mágica do cinema pra mim sempre foi poder ouvir a voz verdadeira dos atores , os sons originais , as músicas originais , enfim...independente do filme ser americano, italiano, francês ou iraniano... cada um com a sua beleza , assim como os nacionais também merecem meu apreço.

Olivia Newton John em Xanadu - 1980
Mas na questão dos filmes posso aqui enumerar vários dos que assisti e confesso que isso virou uma mania enorme e me transformou em uma devoradora de filmes a partir de então... Assistia a tudo e nos anos 80 tínhamos vários filmes inesquecíveis e desfrutávamos das loucuras e dos devaneios do Steven Spielberg com suas arrojadas ficções , as comédias mais loucas também tínhamos naquela época mas os meus prediletos sempre foram os dramas e os românticos, claro ! Hoje o pessoal se encanta com Harry Potter , Senhor dos Anéis , Crônicas de Nárnia , Avatar e todos os seus efeitos computadorizados , mas naquela época acredito que o glamour era maior porque os efeitos especiais eram realmente construídos e criados concretamente devido a ausência da tecnologia , o sangue jorrava também nas cenas de violência e hoje basta apertar uma tecla e está lá , com a magia do Photoshop mais uma morte foi desenhada...

Sociedade dos Poetas Mortos - 1989
Na lista dos meus preferidos , os inesquecíveis são : Xanadu , Cocoon , Sociedade dos Poetas Mortos , Curtindo a vida adoidado , Namorada de Aluguel , A garota de rosa shock , De volta para o Futuro I , Superman I , Flashdance , Os Goonies , História sem fim , Top Gun , Footloose , Ruas de Fogo , Dirty Dancing e o maior de todos os inesquecíveis dessa fase é Labirinto, um filme de 1986. Ahhh , que filme mais tudo era esse com o David Bowie no papel encantado de dono do castelo e apaixonado pela Sarah que desejava que o irmãozinho fosse levado embora pelos duendes e ela depois teria de resgatá-lo ! Que história era essa ! Que filme e a música que toda vez que ouço hoje , geralmente toca na Alpha FM (a rádio de quem já passou dos 30...kkkk) , viajo com a música e me lembro dessa história apaixonante que vale muito a pena conferir , esse pessoal mais jovem que nunca assistiu a esse filme, é lindo ! A trilha sonora também com o David Bowie é toda incrível e eu adoro, sou suspeita para falar !

Ruas de Fogo - 1984
E para quem nunca assistiu , fica aqui a música mais linda do filme mais lindo ainda... só para quem é bem romântico mesmo , assumidíssimo como eu ! Qualquer dia eu volto a falar dos outros filmes que também merecem seus respectivos destaques... hoje fico com a lembrança deste , meu Labirinto. O Labirinto é muitas vezes um caminho que nos envereda pelas paixões , quando apaixonados nos enroscamos por caminhos incertos e, quando nos damos conta , lá estamos flechados pelo amor...


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A onça e seu anjo - Continuação do conto : A onça e a rocha...


Nossa onça , livre como sempre fora , encantou-se com a descoberta de seu anjo dentro daquela rocha magnífica que encontrara no seio da floresta e, como se estivesse encantada, não conseguia mais afastar-se dele , era uma atração , um desejo de ficar mais junto dele maior que ela e ela não conseguia entender esse seu súbito interesse em estar com aquele anjo, aquele ser divino que até bem pouco tempo ela desconhecia , mas que agora , nesse momento , fazia parte de seu mundo , lhe trazia lembranças de algo que ela não entendia muito bem , mas eram sensações boas , sensações de paz, de amor , de encantamento , de sabedoria , de luz.


Ela logo buscou um meio de se comunicar com o anjo , sim , porque onça não sabe falar língua de anjo e nem anjo sabe falar língua de onça e foi então que ela se lembrou de um sábio que havia passado pela floresta e que , enquanto ela cochilava por entre os arbustos em suas sestas das tardes , ele sentava-se à beira do lago e costumava ler muitos livros em voz alta , como se lesse aos espíritos das florestas e aos animais ali abrigados em suas tocas. E um dia ele lia um livro , enquanto ela cochilava escondida e ela ouvia o que ele lia. Ele falava sobre uma língua universal , falava que existia uma língua por meio da qual todos podiam se comunicar e se entenderem , era a linguagem do Amor. E foi o que ela tentou fazer para comunicar-se com seu anjo, tentava usar a linguagem do Amor.


O sábio , ao ler seu texto, dizia que essa linguagem provinha do coração, do sentimento e era a mais pura essência da Alma , para falá-la não era preciso nenhuma técnica específica. Era preciso apenas nutrir-se dos melhores sentimentos e comunicar-se com a voz do coração.
E nossa onça, de coração mole, como já dissera noutra oportunidade, sabia muito bem o que era usar a voz do coração. E assim ela o fez e começou a se comunicar com o anjo. Dizia tudo o que sentia a ele , dizia o quanto ele era importante ali naquele momento de sua vida , dizia o quanto ela não queria separar-se dele , dizia o quanto ele havia mudado seu sentido de viver, dizia a ele o quanto ela o amava a partir dali e não havia como voltar atrás , como regredir tamanho sentimento.
Mas o fato é que a onça percebeu que o anjo trazia em si uma melancolia , uma dor estranha , contida em si, uma dor incomum aos anjos... e ela percebia isso porque , ao falar com amor ele não retribuia , não do modo como ela queria  , ele bem que tentava , mas era meio confuso , não tornava-se claro em seus sentimentos e , talvez até entendesse ser impossível um amor de onça por anjo e se esquivasse disso ou estivesse confuso em relação ao que sentia. Mas acontece que ele não conseguia dizer e a onça não entendia o porquê ?


Um dia ela resolveu que seria direta. Que não mais usaria a linguagem do Amor para dizer a ele o que queria saber , mas sim , seria direta ao querer saber se , de fato ele gostava dela com todas as palavras assim ditas dessa forma. Ao passo que nosso anjo respondeu , mas respondeu com linguagem de nuvem , num sopro em silêncio e a onça não entendeu... achou desaforo , tanto esmero , tanta dedicação e delicadeza para receber do anjo apenas um sopro , um suspiro , um murmúrio inconsciente...


A onça ficou arrasada e nem sabia mais o que fazer nesse momento. Sentia que seu rumo , a partir dali , deveria ser ao lado daquele anjo amado , mas como , sem saber se ele assim a queria ? Como , sem saber que esse era um desejo dele também , uma vontade em comum ?
E a onça pensava num meio de conseguir que o anjo dissesse um sim , ou um não , mas que fosse claro como água , que fosse realmente sincero , que fosse real e não mais habitasse o mundo das ideias. Ela precisava dessa resposta para continuar ! E não irá desistir até que consiga obter um sinal , para que possa seguir seu caminho : com ou sem seu anjo amado...

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Quando a gente ama...

Parece até título de música brega, né ? É também a primeira estrofe da música "Fio de Cabelo" , que é totalmente brega , mas fala de amor... O amor é brega , então , suponho ?

Talvez sim, para muita gente, nos dias de hoje, de tecnologia , de redes sociais , de SMS , de Ipads e outros I´s de infinitas formas o amor pode até ser mesmo brega. Mas não o é para quem ama de verdade, para quem o sente. Sim, porque quem ama comete algumas loucuras , comete alguns desacertos apenas porque foi dominado por esse sentimento puro e tantas vezes primitivo que é o amor.


Ontem estava lendo meus estudos de Filosofia da faculdade e me deparei com a história de Eros , aquele cupidinho fofo que quando vem para o nosso lado com sua flechinha é capaz de provocar verdadeiros estragos... Descobri que ele sofre de insatisfação , descobri que ele é dotado de fome e por isso, quando amamos nos tornamos também seres famintos , sedentos , desejosos de suprir nossos desejos , nossas carências e fazemos de tudo e mais um pouco para alcançarmos nosso objeto do desejo ou , se preferirem , nossa coisa amada. Não medimos esforços para alcançarmos estar com ela , apenas para compartilharmos de sua presença, apenas para admirarmos seus passos, apenas para ouvirmos sua voz ou até mesmo arrancarmos um sorriso seu de "bom dia"... ahh.. Eros, faminto anjo que sempre nos enlouquece com suas vontades inusitadas e que quando não conseguimos cumpri-las ficamos sempre com aquele vazio por dentro, aquela sensação de falta de tudo que nos inquieta de tal forma... até que o amor torna-se então , um vício e , quando não o temos , nos sentimos inócuos , isolados do mundo , nos sentimos imperfeitos , incompletos e tudo por culpa da fome desse tal "anjinho"... Eros é filho da deusa Penúria (sempre miserável e faminta) e do deus Poros (o astuto engenhoso) e como resultado dessa mistura nosso doce cupido está sempre faminto , sedento e miserável , mas também dispõe de mil astúcias para se satisfazer e se fazer amado. Ora fica maltrapilho e semimorto e ora torna-se rico e cheio de vida embebido de amor.


E quando a gente ama é assim , de uma forma ou de outra a gente tenta se completar , com ou sem aquela pessoa que nos encanta , com ela se o amor é recíproco , correspondido e sem ela se o amor é platônico , idealizado , mas de qualquer forma buscamos a completude... O amor platônico fica de pauta para outro dia porque senão vamos encumpridar muito a história.

Quando a gente ama não mede esforços , quer estar junto , quer algo daquela pessoa que nos encanta , e se pelo menos não podemos estar juntos fisicamente nos perdemos em sonhos e fantasias , algumas vezes assustadoras de tão reais e intensas , nos provocam verdadeiras avalanches de emoção em nossos sentidos, sentimos o perfume , o gosto , o toque e tudo o mais apenas ao fechar dos olhos.

Quando a gente ama nem se importa de ser brega e de produzir algumas cartas de amor , ridículas até , mas tão nossas , que trazem toda a essência da nossa história. Fazemos poesia , declamamos nosso amor nas músicas que saimos a cantar todos os dias , nos iluminamos com um sorriso ao lembrarmos do ser amado , andamos nas nuvens sonhando com os momentos dos próximos encontros , divagamos em nossas ideias e apenas vivemos à espera da chegada do nosso ideal de amor.


Esses momentos são tão mágicos e ímpares , pelo menos nos primeiros momentos do amor, no seu despertar . Tornam a vida tão mais bonita , com tanto sentido...

É preciso, porém, atentar pelo prazo de validade do amor, que pode acontecer dele terminar antes e não ser para a vida inteira como muitos idealizam... Também deve-se ter muito cuidado com os inimigos, as coisas que minam o amor e minam mesmo, de um jeito, que depois ele não volta mais e não há como retroceder...

Por isso que quem ama , ama de qualquer jeito , ama pura e simplesmente , ama na totalidade , ama sem querer mudar a nada , acha a pessoa perfeita em todas as suas imperfeições , acha lindo até aquilo que a pessoa nem tem , conforta-se pela sua presença e ama a toda sua essência , isso se for um amor de verdade.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Caminhos

A vida é engraçada às vezes ! Sinto isso muito mesmo , principalmente em relação aos caminhos em que ela sempre me deposita. Ela sempre me faz ver por onde devo caminhar , por onde devo ir soprando levemente suas nuances e seus mapas misteriosos em meu coração desvairado.


Quando estou indo em uma certa direção é como se ela me provocasse , me instigasse , me dissesse assim , do jeito dela de dizer , não vá por ali , vá por aqui... e para isso ela se aproveita de milhares de artimanhas e de subterfúgios para me carregar como as folhas ao soprar do vento.
Eu nunca fui de planejar a minha vida e dizer assim , categoricamente : daqui há 20 anos quero me imaginar assim , de tal forma , ou ter feito tal coisa , ou estar com tal pessoa , ter criado isso , ter inventado aquilo , porque a vida sempre me surge e se encarrega de mudar algo de meu caminho e isso acontece sempre de modo perturbador , me modifica inteira e , quando chega a hora da mudança é preciso encher o peito de coragem e dizer : "ok, senhora Vida ! Se assim desejas , assim serás... eu aceito suas prerrogativas e me jogo no caminho que você me mostra a seguir. Mas saiba de uma coisa : faça valer à pena porque eu não costumo voltar atrás de minhas decisões e, quando amadureço algo, ele deve seguir seu curso normal e me deixar em paz com toda a plenitude de minha consciência, dando onde quer que ele dê!" .


E assim vou , mudo tudo o que for necessário e continuo caminhando, sem olhar para trás, sem essa de medir o que fiz no passado como ação do futuro , porque o futuro acontece quando olhamos para frente e quando decretamos que iremos abandonar tudo aquilo que hoje nos deixa estagnados, tudo aquilo que nos faz perder o brilho dos olhos, tudo aquilo que não nos pertence mais, tudo aquilo que deixou de reverberar aqui em nosso coração.


O ser humano é engraçado às vezes também. Porque tem medo de se precipitar e ir em busca do que acredita e, muitas vezes , fica estagnado, agarrado a uma falsa segurança, a uma coisa que lhe era ideal em um outro tempo mas que agora não consegue mais preenchê-lo, não consegue mais satisfazê-lo e, simplesmente, se acomoda e veste o papel de vítima : o injustiçado de uma Vida inteira sem sucesso. Mas vai lá e pergunta para esse "injustiçado da Vida" o que ele buscou ? O que ele planejou e não deu certo ? O que ele acreditava e que mudou mas , que ele , esperando ver a Vida passar por entre o tempo e os dedos, deixou minguar ao chão sem ao menos ter se arriscado ? É mais fácil reclamar do que ir atrás ! É mais fácil xingar o próprio destino do que ir em busca de fazê-lo, de reconstrui-lo. É mais fácil acomodar-se diante das dificuldades do que ter de encará-las e ter de dizer a elas finalmente para que veio. É mais fácil jogar a sujeira toda embaixo do tapete e deixar-se enveredar por uma acomodação e um sofrimento posterior do que entregar-se ao brilho de uma vida nova que se abre à sua frente. É mais fácil acolher aquilo a que se está acostumado mas não lhe satisfaz do que ir alimentar-se de um novo sonho por mais ousado que ele lhe pareça ou que mesmo seja... É mais fácil ficar parado, esperando, sentado, olhando a vida passar do que levantar a bunda da cadeira e ir viver lá fora , intensamente, tudo o que a vida lhe mostra à viver... É mais fácil depois mal-dizer a sorte e culpar a infelicidade do que mudar o próprio destino, por mais arriscado que isso seja, por mais incerto. Mas o que é a vida afinal ? O que é o certo ? Qual é a escolha que nos trará a felicidade ? Seremos realmente felizes para sempre ?


Acredito que sim , seremos felizes , mas somente se soubermos acreditar também que nossos sonhos são possíveis e que nossa vida não veio com Manual de Instrução e, mesmo se viesse, quem se daria ao trabalho de lê-lo ?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Não faço rascunho

É isso... não gosto de fazer rascunhos. De nada ! Nem do que escrevo , nem do que estudo , nem do que leio e depois apago... Não gosto de rascunhos , acho menos , engraçado isso... Sempre achei desde que aprendi para que servem , para depois serem passados à limpo , para perdermos ainda mais tempo , para ficarmos perdendo tempo com eles , acho desnecessário perder tempo.

Entrego assim tudo mesmo , direto.


Vou escrevendo, escrevendo como se o texto já estivesse pronto em minha cabeça e apenas precisasse ser transcrito ao papel. É como se ouvisse vozes internas me ditando o tempo todo aquilo que escrevo : elas lêem e eu escrevo, simples assim.

Sou assim com as poesias também. Dificilmente escrevo uma poesia que preciso reescrever de novo , aliás esse fato de reescrever só me atrai se estiver fazendo uma revisão , uma releitura de alguém e não minha.

O que é meu pontuo diretamente , digo sem rodeios , escrevo as primeiras ideias. Por isso posso até demorar um pouco para começar a escrever , mas quando começo sei que só paro ao chegar ao final. É de uma vez só, num sopro único , num fôlego direto , de uma vez , para otimizar meu tempo que já é tão escasso.


Talvez isso de não gostar de rascunho tenha a ver com minha impulsividade. Sim, sou extremamente impulsiva e teimosa e quando digo impulsiva é de impulsos primários mesmo , os iniciais , que me direcionam a uma primeira cabeçada sem mirar muito no alvo e sem olhar direito onde vou bater... me jogo, literalmente.

Assim também sou na vida , me jogo naquilo que quero, que acredito e sigo em frente até o final. Na vida também não faço rascunhos e tudo segue a linha das primeiras tintas , das primeiras impressões . E escrevo à caneta , porque à lápis não sei , posso apagar , me dá uma gastura...à caneta é mais seguro. 

Rascunho para mim é menor e , na vida , nunca aceito coisas que acredito serem menores , quero sempre o que me é maior e me faz mais feliz do meu jeito. Sem rascunhos...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Dia IN

Hoje o dia está assim e ficará :


INteiro
INtrospectivo
INtocável
INóspito
INtolerável
INside
INsolúvel
INtrínseco
INacabado
INacabável
INterminável...


Ainda bem que é só hoje que o dia estará assim , amanhã com certeza ele voltará a ser outro ... não sei ainda como , mas será diferente de hoje como sempre o é... E o sol sempre volta , eu sei...e acredito !

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Inferno

Inferno, segundo a Wikipédia :  "A palavra inferno, que hoje conhecemos, origina-se da palavra latina pré-cristã inferus "lugares baixos", infernus.[1] Na Bíblia latina, a palavra é usada para representar o termo hebraico Seol e os termos gregos Hades e Geena, sem distinção. A maioria das versões em idioma Português seguem o latim, e eles não fazem distinção do original hebraico ou grego."

No dicionário temos : s.m(o) 1. Segundo o cristianismo, habitação dos demônios e lugar destinado ao suplicio eterno das almas pecadoras. 2. Fig. Coisa extremamente desagradável, que só causa desgostos. 3. Fig. Ambiente em que reina a discórdia e a confusão. 4. Fig. Tormento. martírio.


Na vida real , inferno é onde eu vivo atualmente , mas não digo aqui de local ou estabelecimento, não. O inferno está aqui dentro de mim , criando confusões em cima de confusões , obscurecendo meus olhos , perturbando minha vida e me deixando em perigo, me deixando em dúvidas , me deixando em meio a incertezas , me fazendo imaginar coisas impossíveis, me fazendo buscar por sonhos intermináveis e que, talvez sejam tão melhores em sonho que na própria realidade. Inferno é querer sem realizar , inferno é sofrer mesmo sem ter a certeza de nada , inferno é não ter garantia nenhuma , é mergulhar no escuro , é se jogar do alto como um suicida kamikase a se atirar do avião em movimento , é sofrer por aquilo que ainda não se viveu e nem se sabe se irá mesmo viver e nem se tem a garantia de que se viver será mesmo tudo isso e tanto assim como o esperado.


A luta interior é intensa e os dois cavalos correm juntos lado a lado : o cavalo negro da razão e o cavalo branco da emoção disputam o páreo e se revezam entre as posições. Ora o branco está na frente e toda a emoção se irrompe de mim como a um castelo lindo, enfeitado que se desenha dos contos de fadas , ilusões de uma mente tão criativa e fantasiosa...ora o negro desponta e a razão segue em disparada , desalinhada trazendo à tona a realidade e me fazendo enxergar tudo o que trago em minhas mãos e apenas desejo jogar para o alto, como se solta uma pomba da paz e a deixa ser livre e voar para sempre. Talvez essa pomba seja, algumas vezes , meu coração sonhador querendo voar , querendo ser livre, nem eu sei nada, nem tenho certeza de nada.


E sabe quando nos sentimos ali com o tubo da pasta de dentes nas mãos, espremendo o finalzinho para aproveitarmos o último sabor do creme antes de jogarmos o tubo fora ? Pois é... é como me sinto na atualidade. Como se minha vida fosse esse tubinho de pasta e eu estivesse apertando para sorver o seu último minuto de creme, até que renove o tubo e comece tudo outra vez. É uma analogia bem parca essa, reconheço, mas é a que mais chega perto desse inferno que me move numa descrição concreta do que temos hoje aqui... E digo mais : esse inferno sem chamas queima sozinho e se alimenta de minhas esperanças, de minhas lembranças, de minhas ilusões nada suaves e de mim mesma.


Eu sou o combustível que inflama essa minha vida doida de sempre , fazendo outra própria analogia : eu sou aquela que tenta destruir a si mesma e tenta se reconstruir a todo instante em meio a suas loucuras e devaneios tortos de uma mente insana que nem mesmo consegue saber e entender o que quer , eu sou meu algoz , eu sou o anjo mau que habita em meu ser.

P.S : Bem lembrado , Vel , mas meu inferno astral só começa daqui a cinco dias, dia 21...rs

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Já vi esse filme...

Pois é, novamente a história se repete... apenas com alguns personagens diferentes, mas o mesmo enredo, a mesma tônica e os mesmos atos... de novo a vida nos coloca em meio à mesma encruzilhada...




E sigo a pensar nisso tudo outra vez , dessa vez com uma intensidade triplicada e chego a observar e considerar uma coisa : será que terei de mudar meu nome e passar a me chamar "coragem" ?

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Turbulências

Não quero ter de decidir nada, não agora. Quero deixar o barco correr um pouco, quero pensar em tudo isso bem mais para frente, quero deixar a vida seguindo como vem sendo até então e, pela primeira vez em muitos anos, diria até mesmo, desde que nasci , não quero tudo para ontem , quero me permitir pensar e escolher. Só isso já me é o bastante para esse momento turbulento pelo qual venho passando aqui, bem dentro de mim e que só eu poderei resolver e decidir.


A vida é engraçada , às vezes , porque quando somos jovens estamos sempre de olhos no futuro , sonhando com os rumos que iremos dar as coisas, com as realizações que conseguiremos alcançar , com os projetos que concretizaremos... Mas , depois que crescemos um pouco , já tomamos algumas porradas da vida , já caimos e nos decepcionamos com algumas pessoas erradas que passam pelo nosso caminho para nos ensinar, percebemos que tudo muda realmente e , ao olharmos para trás , nada chega a ser muito parecido com os sonhos da juventude. Pelo menos é o quadro que enxergo aqui atualmente, será que foi erro de cálculo ? Não sei...penso que não...

Acho que tudo aconteceu como deveria ter acontecido e , os caminhos foram tomando seus rumos e íamos aparando as arestas aqui e ali , sempre com muitas dúvidas mas confiando no futuro. E vemos , felizmente que tudo deu certo até aqui , mas não tão certo como gostaríamos e não tão perfeito como achávamos que fosse ser...Isso talvez seja aquilo que chamamos de "choque de realidade" , onde tomamos um susto ao nos deparar com as modificações que nossos maiores sonhos tomaram no decorrer da vida e de nossas ações e , também , nas pessoas que nos transformamos diante dos fatos que vivemos.


Ontem , conversando com minha amiga Cá , dos tempos da faculdade de Letras ainda , ela me dizia exatamente isso , que naquela época ela pensava que hoje , aos 34 anos , a vida dela seria tão diferente do que é e que ela teria feito tantas coisas distintas das que faz hoje mas tudo mudou sem que fosse percebido e construiu-se o viver que ela (digo nós...) tem hoje também e , sem arrependimentos e sem remorsos ela apenas aceita e tenta entender como chegou até aqui...


Eu também me pego pensando e , neste momento de escolhas , mais do que nunca ,  tudo mudou , tudo ficou diferente e como trago a essência daquilo que eu era há dez anos , mas muita coisa se transformou dentro de mim, hoje tenho outras certezas e muito mais dúvidas do que tinha antes , mas hoje uma coisa que procuro fazer é não sonhar tanto com a perfeição , mas viver intensamente cada momento , para nunca me arrepender de nada que não tenha feito ao chegar no futuro. Essa é minha única certeza de hoje... Vou seguir pensando mais um pouco antes de qualquer coisa !

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Vingar-se da Vida

Enquanto faço caminhada todas as manhãs no parque aqui próximo à minha casa, costumo pensar em milhares de coisas...Minha cabeça viaja tanto e vai tão longe, buscando sempre universos inimagináveis e caminhos diversos. Revivo passado, presente e futuro tudo ao mesmo tempo no agora e bem consciente, como se estivesse fazendo uma Terapia de Vidas Passadas monitorada pelos seres superiores que estão sempre a me proteger e a me guiar todos os dias.


E ontem, qual não foi a minha surpresa, ao caminhar e de repente me recorrer ao pensamento uma frase dita pelo meu professor da Graduação de Letras ainda, lá pelos idos de 1996 , meu querido e saudosíssimo professor Fábio Teixeira , membro da Academia Mineira de Letras , poeta da maior categoria e um ser humano de caráter irretocável, de espírito e de lucidez incrível, que nos brindava sempre a cada aula com textos maravilhosos e só me fazia apaixonar ainda mais pela poesia, que, naquela época já fervia em minhas veias de modo intenso e forte.

À primeira vista, nosso professor nos parecia um velho rabugento, ele chegou botando banca, fazendo caras e bocas, medindo todo mundo de cima abaixo como se fosse a maior autoridade do planeta, mas aos poucos, íamos percebendo que era só uma fachada, que ele estava fazendo um tipo , bem caricato por sinal, a fim de nos deixar mais à vontade. E sabia fazer isso quando recitava poesias , tanto suas como de outros mestres da escrita que nos encantavam e nos enfeitavam as aulas com imenso sentimento.


Era um ser de uma espirituosidade incrível...Aos poucos nos apaixonávamos por ele e nem tinha como ser diferente, pois, imaginem, um ser iluminado do alto dos seus 80 quase 90 e poucos anos dando aula de Literatura Brasileira e falando de poesia numa turma de Letras, apaixonada pela escrita, pelos poemas e pelo universo do amor ? Não tinha quem não viajasse ali, de olhos abertos, naquele universo que ele descortinava aos nossos olhos nus , como quem descortina as estradas que encaminham ao paraíso, como quem nos apresenta o melhor néctar da vida, como quem nos desenha os caminhos do amor.


E a frase da qual me lembrei ontem, instantaneamente, me remeteu àquela época, colocou-me de volta à primeira carteira onde me sentava todas as noites nos idos de 1996 e ficava me deliciando ali , deslumbrada, a ouvir poesia da mais alta qualidade...Ele nos dizia que já havia trabalhado muito e , naquela época, como estava ali e já havia com a graça de Deus conquistado muitas das coisas com as quais havia sonhado , ele costumava dizer quando mais moço , que um dia iria "vingar-se da vida" , ao que dizíamos : "como assim, professor ?" e ele nos dizia que era com o intuito de trabalhar muito, arduamente , para no futuro , ao ter conquistado tudo o que sonhara, poder se vingar da vida e usufruir dela com todo o merecimento e com a maior qualidade que pudesse ter...Era um vingar-se num sentido positivo , do tipo : vou trabalhar de um tanto e com tanto esmero para que quando a vida me alcançar na maturidade eu possa estar tranquilo, apenas usufruindo o que há de melhor dela , de sua positividade. Ou seja, era um jeito dele dizer que trabalharia imensamente a fim de recolher seus louros, colher seus frutos após anos de dedicação e luta em todos os sentidos.


E lembrei-me ontem, claramente , como quem ouve a um sopro divino , desse "vingar-se da vida" que ele recorrentemente nos repetia e me marcara profundamente com suas palavras. Naquela época nem imaginava quais os rumos minha vida tomaria e, para mim, a delícia do viver resumia-se a escrever poesia, sonhar em amar e ser amada, sem me preocupar com quaisquer outras atribuições da vida que tivessem maior relevância. Meu sentido era o sonho e me encantava sempre viver mais longe da realidade, entremeada por minhas palavras ainda por desabrochar...era só uma menina com vários sonhos que de nada da vida ainda conhecia.

Ao chegar em casa, fui até o Santo Google buscar por meu professor e ver o que a vida havia feito dele, já adivinhando pela resposta... E descobri, que em minha antiga Universidade, há um concurso de poesias, realizado todos os anos, que leva o nome dele e por lá também é que pude perceber que ele já havia se vingado muito da vida e hoje, está desfrutando de outras paragens, nos lares dedicados aos poetas que ficam num andar um pouco mais alto , bem mais na realidade de que nós , os aluados , costumamos desfrutar...
Ele deve estar olhando por nós lá do alto e deve , certamente , ter se lembrado de mim e vindo visitar minhas humildes poesias que há alguns meses voltaram a brotar de minhas mãos e deve ter se lembrado dessa sua aprendiz e discípula que nunca o esqueceu...Onde quer que ele esteja hoje, peço a Deus que o abençoe sempre e que ele continue enfeitando aos céus com suas doces e inesquecíveis palavras.



P.S : Eu e meus Mestres inesquecíveis e memoráveis ....

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A onça e a rocha - Conto

Era uma vez uma onça que adorava passear pela floresta. Era uma onça meio jovem , meio velha mas que se achava ainda um tanto quanto imatura em seus caminhos pela vida.


Órfã de pai há alguns anos, teve de aprender a se virar sozinha desde então...tudo bem que tempo de onça é diferente de tempo de gente, porque bicho desmama bem mais cedo, mas essa onça , como era por demais diferente das outras onças da floresta, demorou muito tempo para desmamar, não sei ao certo, mas me parecia que ela queria ficar sempre filhote debaixo da asa de seu pai...Pérai...pai de onça é onça macho e onça não tem asas...o que é isso ? Ah ! Foi só para exemplificar melhor, não levem tão ao pé da letra essa história de onça com asas... Se bem que...não sei agora...Mas essa onça aqui da história costuma viajar bastante e acredito agora mesmo que ela venha de uma família de onças aladas, todas com asa sim ! E por que não ? Ahhh... a onça é minha e se eu quero que ela tenha asas ela assim as terá e poderá muito bem voar, o conto é meu e ponto. Continuando...

Essa onça tinha sempre uma pressa incomum para tudo em sua vida, queria aprender tudo logo, queria viver tudo logo, queria desbravar o mundo, conhecer outros recantos escondidos pela floresta e tudo rapidamente, sem esperar...Sabe aquele coelho da história da Alice , que estava sempre se achando atrasado para tudo e vivia correndo ? Pois então, assim era a nossa onça, sempre querendo que tudo fosse para ontem.


Mas a vida se encarregava sempre de colocar um freio nela e nem tudo o que ela queria ela conseguia ali, naquela hora e tinha de se conformar e esperar... A onça , um belo dia, casou-se com uma onça macho que conhecera nessas suas andanças pela floresta e era muito feliz em seu casamento. Aí eu me pergunto : como é que será a felicidade de um casamento de onças ? Será que qual dos dois urra primeiro em casa ? E os carinhos entre os dois ? Têm unhada ? Deve ter , né ... e unhada de onça dói pra burro ! Ah, mas o burro não vai entrar nessa história aqui , não , fica pra outro dia porque já está ficando longa e de conto vai acabar virando um romance. Mas é justamente no romance que eu quero chegar ... Explico :


Um belo dia, a dona onça encontrou em suas andanças (sim, ela andava muito pela floresta, coisa que ela não gostava era de ficar parada...) uma rocha , mas era uma rocha diferente. Uma rocha que trazia um certo ar de mistério , um encantamento e que, assim que a onça avistou aquela rocha em seu caminho ela parou, cheirou a rocha, contornou a sua volta como que se decorando e analisando como aquela rocha havia ido parar ali bem no meio do seu caminho e sentou ao seu lado. A onça não sabia bem explicar porquê , mas quis ficar ali ao lado da rocha, apenas admirando-a, descobrindo cada pedacinho daquela rocha encantada, imaginando em suas viagens surreais como aquela rocha houvera sido formada, há quantos milhões de anos ela estava ali e ela nem havia se dado conta disso...Era uma rocha jovem , ela imaginava, mas seu interior era jurássico, pré-histórico mesmo e isso lhe inspirava imensa sabedoria, conhecimentos longínquos, atrelados de outras formações rochosas anteriores desde a época da formação da Terra. Isso tudo aí já é viagem da cabeça da onça que sempre foi surreal e bota viagem nisso, porque quando ela entrava numas de viajar em seus devaneios ninguém a segurava mais em terra firme, nem mesmo seu marido onça macho que achava que mandava nela...ela era uma onça sem fronteiras, sem amarras, livre em seus pensamentos e em seu viver...seu lema era liberdade.


E , como que por um encanto , a rocha levantou-se do chão inacreditavelmente e a onça arregalou seus olhos imensos e não conseguia crer naquilo que estava acontecendo , mas de dentro da rocha brotou um anjo. Sim, um anjo ! Um anjo com asas e tudo mais de anjo ! Um anjo suave, lindo, azul, era o anjo mais lindo que a onça já vira em toda a sua vida...Ei, mas só agora me lembro que ela nunca havia visto um anjo antes, era a primeira vez...E a onça ficou embasbacada, sem ar, sem fôlego, quase tendo um infarte de tanta emoção ao ver aquele anjo...Sim, seu maior sonho, de toda a vida até ali era de encontrar um anjo de verdade...ela era onça mas tinha um coração meio mole, gostava de coisas belas e sempre sonhara com anjos, com o céu, com voar pelas nuvens...era uma onça surreal mesmo, como só ela sabia ser ! Tudo para ela tinha de ter intensidade, senão não valia a pena...


E ela ali, naquele momento em que o tempo parou e aí ela descobrira o porquê de querer ficar ao lado da rocha desde quando a encontrou. Porque a rocha escondia um anjo...o seu anjo , que era o que ela mais queria e a partir dali, daquele momento em diante...teria um anjo seu...que fazia morada em sua rocha e era , desde muito antes daquele momento , aguardado pelo seu coração...Nunca mais ela quereria separar-se do seu anjo que estava ali, bem a sua frente e ela estava tão feliz porque ele existia de fato e teria vindo para ela, sua busca terminara...

Seu anjo lhe ensinaria muita coisa a partir dali e ela sempre o teria ao lado, protegendo, ensinando-a, dividindo sua vida. Era como se ela já conhecesse aquele anjo de outros tempos, de tempos em que ela não era onça e ele não era anjo, ela já havia sonhado com isso.

Ela acreditava muito em sonhos, era uma onça sonhadora e estar ali já havia sido feito parte dos seus sonhos, dos seus sonhos mais reais e assim foi feito...apenas porque ela sempre acreditou em sonhos e nunca iria deixar de acreditar...

Ué, mas e o romance que era justamente onde eu queria chegar ?....O romance ? No próximo conto eu conto,  esse termina por aqui...

Assim como era a primeira vez que a onça encontrava seu anjo, esse foi também o meu primeiro conto. Espero que seja o primeiro de muitos...