O quê importa , afinal...

Tem alguns momentos em que a vida se embaralha e alguns pontos tornam-se confusos , alguns sentimentos reaparecem obscuros e o coração entra em tormenta. Talvez toda a influência se dê pelo fato da ansiedade recorrente de não saber esperar , talvez seja uma influência lunar , talvez seja uma influência maior que não se sabe realmente qual seja , talvez seja , apenas...

Enfim , quando entro nestes momentos traumáticos e pós traumáticos , melancólicos e obtusos por natureza , o melhor a fazer é me fechar em Copas e lá dentro , no meu recôndito esconderijo , tentar me acalmar e me suportar através de minhas palavras que sequer sabem realmente , nesse momento , o que estão na verdade querendo traduzir.

É um misto de querer e não poder fazer , é uma vontade de realizar irrealizável , é um suportar insuportável que sufoca todas as outras dores , todos os outros pensamentos... Não sei. Talvez seja essa alma de poeta , inquieta , que queira transbordar e não está sabendo como , daí inventa uma dor qualquer , um desassossego , só para poder alimentar a criatividade e se expandir em versos... Não sei. Hoje não estou sabendo muito bem , não estou sabendo muita coisa , não estou sabendo nada. Melhor assim , mesmo sem saber , não estou me importando realmente em descobrir , em desvendar , em ir atrás de respostas para aquilo que não encontro aqui dentro e nem ao meu redor. Engraçado é que , com o modo com que as palavras vão sendo proferidas e escritas é como se o sentimento e a sensação de ausência fossem dissipados... como se as impropriedades do momento inoportuno fossem ofuscadas pela necessidade do raciocínio e as ideias , enfim , fizessem bloquear o sentimento e fossem racionalizadas , petrificadas , tornam-se estáticas diante da possível dor , do possível engano , do possível excesso impossível.

É um daqueles momentos em que não damos conta nem de nós mesmos , que dirá de outros , que dirá de diversos , que dirá de quem é ausente , que dirá de quem nunca fez parte. É um daqueles revezes que espera que se passe rápido , mesmo porquê , talvez essa seja uma simples melancolia de um dia de domingo. Não quero entender nada , não quero mais pensar , quero apenas deixar ir sem mais nenhum sentir desfigurado e irresponsável. É um domingo esvaziado de seu próprio excesso.

O sol pulsa vivo ali fora , brilha forte lá fora , aqui dentro , talvez não... Os passos deram lugar a uma vazão de pensamentos logo mais cedo e o mundo se inundou de muitas ideias , de cenas que não vieram , de momentos que não aconteceram , de uma saudade que nunca houve de verdade. O sol que arde queima tanto quanto o pulsar do coração inquieto e da mente fértil de improbabilidades. Que o sol se faça e refaça esse momento e que esse sentimento se ausente , como tudo e com tudo que com ele mais deva ir...