"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



sábado, 28 de junho de 2014

Coração é pior que bola, pipocando dentro do peito... Não tem parada e ainda bem que não tem !

Sim... falamos que a sentimentalidade envolve o coração por pura licença poética. O vilão sentimental e emocional do corpo é o hipotálamo, mas insistimos nisso de ser tudo cardíaco, por puro charme e comodismo. Mas, sim, ele incomoda e muito, quando o assunto é sentimento, quando o assunto é amor, quando o assunto é o tal do querer outro alguém que, no momento, não está dando sinal livre, o sinal está ocupado, ali, martelando seu ouvido... 



Mas é bom que o coração bata, arrebente, dê piruetas, nada mais saudável e em plenas razões de se mostrar algo vivo e digno de recompensa. Porque nos faz ver o que enfrentamos. O hipotálamo é o cerne, o cérebro, o cabeça da ação se ele não se ofender por ter sido diminuído... enquanto o amigo ali, ao centro do peito, pulsa, rebate, ressoa e nos faz destoar, nos faz ver a dor, nos faz sentir com toda a propriedade que cabe ao verbo. Sim, porque o músculo inglório chega a doer, chega a apertar e tudo para mostrar assim: olha, você está vivo, você ama e você vai amar enquanto eu estiver aqui - pulsando. 



Então não há o que fazer... a não ser tentar entoar e controlar, tentar contornar a problemática que pode se instaurar, tentar dominar a técnica da 'arte de amar', para não sofrer, para acertar, para ajustar a rota, para reconhecer os dados, para demarcar território ou sair de cena, para encher a cara e dizer 'esta é a última vez' ou então, chorar até inchar o cílio e partir... para a próxima empreitada de um velho caminho conhecido...



Quem nunca teve o cardíaco ali, pulsando e fazendo doer que atire a primeira aspirina ao chão e não a tome... Quem nunca tomou água após soluçar de chorar por um amor não correspondido que vá ler algum romance que lhe traga significado nessa vida e aprenda a amar, ao menos uma vez, que seja, mas é preciso. Algumas vezes ele nos representa em alegrias e isso é mágico, porque não iremos errar sempre. Mas de outras vezes, desejaríamos que ele ficasse apenas ali, em silêncio, exercendo a sua função de ritmista da alma. Mas, ele tem vontade própria e personalidade e é, sim, desobediente, esse menino... ahhh, se é... 

sábado, 21 de junho de 2014

Porque todo o tempo do amor é bonito

Porque todo o tempo do amor é bonito. O tempo do florescer, quando a semente é acordada no peito... E o amor dá os primeiros sinais de chegar sem se importar com os instantes.
Todo o tempo do amor é bonito. Dos primeiros, que nos fazem sonhar e embarcar no viver, dos complexos que duram uma noite de intensidade na marca dos corpos e terminam ao alvorecer...




Porque todo o tempo do amor é bonito e suficiente. Da hora que chega no fundo do peito à hora que parte, deixando gostos, memórias e saudade.
O tempo do amor é perfeito e acontece, independente da vontade. Porque surge além da nossa felicidade e se mantém ou se esvai, dura uma vida ou até nunca mais. 





Porque todo o tempo do amor é bonito e imenso dentro do que o faz intenso, quer seja a paixão, quer seja o desejo, quer seja o senhor amor, por ele mesmo. Tudo a seu tempo. Nos chega e domina, enfeita, desenha sorrisos, engrandece a alma o quanto for necessário e segue, dando espaço ao que precede. Porque todo o tempo do amor é bonito somente por, a cada segundo, tornar-se sempre inesquecível. 

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Não há tempo ideal para se apaixonar

Cada coração, sentimentalmente e usando a linguagem romântica, tem seu tempo para se apaixonar. Alguns movem-se à primeira vista, enquanto outros levam dias, talvez meses, quem sabe anos para desenferrujar e desabotoar um sentimento no peito. Mas não nos desesperemos em relação ao tempo, e, sim, nos conformemos em aguardar por encontrarmos alguém que se apaixone no compasso da gente. Alguém que se apaixone pelo nosso sorriso, quando o oferecermos. Alguém que repare o amor no brilho do nosso olhar. Alguém que recolha a emoção contida em nossas palavras, ou a declaração amorosa do silêncio petrificado. 



O tempo não é garantia de nada, mas adequar o nosso tempo ou encontrar alguém na medida adequada da gente é essencial. Porque poupa o trabalho. Reduz o sofrimento. Não causa dor. Nos dias atuais em que a tecnologia está aí para tentar espantar a solidão, mas, no entanto, torna-nos seres cada vez mais esquivos e escassos em matéria de relacionamento, é preciso controlar mesmo esse tempo tão faceiro. Porque podemos nos apaixonar por um status do Facebook, por uma foto de perfil, enquanto outros irão se apaixonar somente depois de 35 comentários específicos. 


O fato é que cada um, indivíduo ali, no seu cada qual, tem seu tempo de maturação. E quando esse tempo desencontra com o tempo da outra criatura é a morte. Porque um não entende por que raios o outro não te quer, não larga daquela infelicidade, daquela agonia infinita e corre para os seus braços e vai te fazer feliz e te chamar de seu. É o samba do crioulo doido, da época em que se podia dizer isso, porque hoje já vira ofensa e já desanda o que era para ser compassado no ritmo do flerte. 


Então, meus amigos queridos, o conselho é um só: rezem. Rezem para que naquele dia, em que vocês estiverem brilhando e reverberando, a conversa vai dar liga, o olhar vai ser certeiro, as mãos serão guiadas pelo caminho correto, o coração vai pulsar firme, o sorriso vai ser único, o beijo vai selar e promover o encanto, naquele exato momento. Caso não aconteça como esperado, que então vocês continuem e prossigam, até que se dê o determinado tempo cravado pelo passo do certeiro destino. E tenho dito. Porque está escrito que todo o tempo do amor é bonito. 

domingo, 8 de junho de 2014

Sempre que pode o amor vira lembrança

Sim, diferente das flores, se o amor não brota do peito ele vira uma lembrança. Ou também, depois que muda de estação, perde o endereço, muda de rota ou de direção, depois de certo tempo de vivência ele vira doce retrato no tempo. Já disse outras vezes por aqui que acredito em amores longínquos, mas também acredito naqueles de menor duração, que tem certa duração, que contam apenas uma página, um parágrafo ou um capítulo... 



E é desses menores que a vida carrega para sempre a lembrança. Traz as histórias, os momentos, faz o pensamento viajar por alguns instantes ali naquele pedacinho de amor que a gente viveu. E nos dias em que desfrutamos do nosso delicioso "ócio" é que essas lembranças chegam e nos fazem mergulhar nas mais suaves (ou tristes) recordações daquele afago e daquele afeto de outro tempo. Relembramos sabores divididos, relembramos tempos perdidos em beijos intermináveis, relembramos aquele refrão da música que tocava ali, no minuto do amor. Amor e música se dão muito bem e fazem um verdadeiro arsenal de lembranças no coração. 



De forma definitiva e inesquecível a memória cuida de cada detalhe. Cada minúcia... Os sons dos sorrisos, a temperatura dos abraços, os olhares (re) vistos como da primeira vez. Devemos saber cuidar de todo o tipo de recordação que chega de cada mínima lembrança: para não enlouquecer, para não virarmos nostalgia e mergulharmos num poço deprimido e inglório de tristeza. Já dizia o poeta do lado bom do amor e é com esse que devemos ficar para sempre - apenas o lado bom. 



E para cada lembrança do amor há uma linha escrita dentro da gente, dessa linha montamos todas as histórias da nossa alma e desenhamos um grande livro do qual resultam as nossas experiências, dos pedacinhos de tempo retalhados pelos fragmentos que ficaram marcados na memória... Para cada detalhezinho o destino endereçou-se de um momento do tempo e nós, junto da pessoa amada, naquele segundo, escrevemos o texto bem delineado do nosso conto (novela ou romance) de vida. Que pode ser eterno ou não... Que pode nos levar a sempre um "felizes para sempre" durante o tempo em que o amor permanecer ali: no lado doce da nossa recordação mais bonita. 




quinta-feira, 5 de junho de 2014

A vida tem os próprios tropeços

Sim. A vida tem os próprios tropeços e estes ultrapassam os cadarços do nosso livre arbítrio, porque neles tropeçamos ainda essa semana e nos reencontramos num total acaso irreal. Numa cidade como São Paulo, megalópole, metrópole andante e trôpega, quem iria imaginar que numa manhã de uma segunda feira cinzenta você literalmente cruzaria o meu caminho. E logo naquele dia, em que eu vinha tão distraída, achando linda a decoração da Avenida com as bandeiras de todas as nações. Logo naquela manhã que eu havia me decidido a deixar de pensar em você, porque você escolheu seguir seu caminho e eu te desejei toda a felicidade do mundo.


Nos vimos, ou melhor, eu te vi bem ali, caminhando à minha frente como uma louca miragem, mas que dessa vez não era uma fumaça criada pela minha imaginação, era realmente você, ali, em tamanho real, em carne e osso, sem tirar nem por. E eu, desesperada, pensando em como poderia te abordar já que uma segunda feira fria não inspira muita coisa. E você parou e eu disse "bom dia", o que não foi reconhecido num primeiro momento mas depois tudo tomou seu lugar. E ficamos ambos, sem qualquer jeito ou forma de saber como agir, porque um encontro ao acaso de um caso que se perdeu em meio a um mundo inteiro é assim: deixa silêncios. 


E seguimos por um breve trecho, eu me esquivando para que você não visse minhas mãos trêmulas... foram os segundos, porque acho que nem levou um minuto nosso percurso todo. Foram os segundos mais longos da minha vida. Com você ali ao meu lado. E eu sem saber o que dizer. Eu que pensei e repensei tanto no momento de te encontrar e de te dizer de um tudo. De um tudo daquilo que faltou, das palavras que não dissemos, dos momentos que não tivemos. Queria olhar em seus olhos e não consegui. Queria dizer palavras que não sairam. Queria um abraço de meio minuto que sequer veio. 


Acho que foi esse o fim. O fim que a vida nos preparou já que não tivemos coragem de fazê-lo por nossas próprias vontades, tão descompassadas. O fim num tropeço de uma manhã de segunda feira fria de São Paulo. O fim que nunca veio. O fim de uma história que sequer teve um começo ou uma continuidade. O fim de duas partes. Um fim civilizado e frio. Um fim que vai ficar assim, no encontro de um acaso de duas vontades inexistentes. O fim de uma saudade ausente. Um fim do que nunca teve fim.