"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



quarta-feira, 8 de julho de 2015

A velha opinião formada sobre tudo

Nos dias que passam diante dos olhos, a impressão que se tem é de que é necessário que se tenha uma opinião formada sobre tudo e, claro, essa será sempre "velha" ainda que se esteja diante de novos fatos, quesitos ou fórmulas e hábitos. Até mesmo eu, aqui nesse esboço de arremedo textual estou emitindo a minha opinião sobre opiniões em geral, hoje dadas a esmo. É o culto da rede social, o paradoxo de informações que limitam nossas mentes e que nos fazem algozes de nossas próprias palavras, porque ao emitirmos uma opinião sobre algo passamos a ser contra atacados. 


Se somos favoráveis, somos déspotas a colocar os dedos nas faces dos menos favorecidos, dos incautos, dos indefesos, dos estáticos, das minorias. Se somos contrários somos facínoras, fascistas, reacionários, indigestos, fleumáticos, doentes, neuróticos, loucos, insensíveis, insensatos, incrédulos ou ridículos. Se não dissemos nada somos alienados, a margem da sociedade, em cima do muro, sem opinião, sem decisão, sem propósito, sem cérebro, sem atuação ativa, sem marca na sociedade, sem personalidade, sem fins lucrativos. 


Então, o que fazer? Há solução para tanta discussão e conclusões que nunca chegam a um consenso? Talvez não, porque a ação sempre foi melhor que a falácia. A promoção de atitudes sempre é melhor que a defesa de pontos de vista. O respeito sempre impõe mais àquele que não julga do que àquele que tem sempre algo a dizer mas tão somente porque veio ao mundo a passeio, olha, observa, vê mas se mantém com a mesma posição de espectador e nunca de cérebro atuante com mãos ágeis e pernas que caminham em direção ao futuro. Nunca coloca a mão na massa porque não lhe diz respeito. 



O melhor a fazer e que aqui não seja lida minha opinião, porque longe de mim formar a opinião de algo em alguém, cada um sabe da sua verdade, da sua história, de onde sua alma lhe cabe. Que cada um tome as rédeas da própria vida e construa um alicerce melhor em torno de si. Construa um mundo melhor de se viver ao redor, com boas atitudes, com perseverança, com trabalho, com dignidade e com a certeza de que faz sempre a parte que lhe cabe com amor. Semeie amor e não discórdia. Semeie gestos do bem e não pensamentos ofensivos. Semeie sentimentos de bondade e de perseverança, interaja com aqueles que buscam por afeto e por compaixão e se esqueça de dizer tantas bobagens. Arregace as mangas na construção do mundo que você quer e que você acha digno. O resto não tem importância nenhuma, porque palavras o vento leva e só as ações são indestrutíveis. E eu sou uma metamorfose em plena construção, ambulante nas minhas palavras, mas consciente dos atos que pratico. E sou fã do Raul.  

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Tudo Novo

Sim, alguns dias já se passaram do Ano Novo, mas como ainda estamos em janeiro tudo ainda pode ser considerado e assim é muito novo... É novo o dia que se refaz e a semana que recomeça é também nova... É novo aquilo que foi pensado ainda agora, ao medirmos o espaço da agenda para os novos projetos. É novo o sonho que adormecemos na noite passada e nos acordou ainda há pouco ali, tão belo, no frescor dos nossos lençóis. São novas todas as ideias concebidas daqui a diante. 

Porque o Ano Novo e tão somente ele tem todo esse poder de causar esse impacto de novidade. E todo ano é a mesma coisa. Prometemos uma infinidade de coisas, rezamos todos os mandamentos com fervor na expectativa de realizá-los todos, um a um e ao final lá pra dezembro, depois dos 365 dias de vida vividos e sorvidos até a última gota nos demos conta de que pouco realizamos ou fomos abandonando os passos, agora já não tão novos para trás... 


Mas ainda dá tempo, se pensarmos nas 24 horas que se seguem de cada dia. Dá tempo se considerarmos o calendário. Dá tempo se planejarmos ainda, até o carnaval, depois mais um pouco até a Páscoa e assim sucessivamente, de planos e arremessos, de sonhos e detalhes nus, vamos formulando ali todos os passos e compassos e todas as formatações que desejamos para o nosso Ano Bom. 

É preciso utilizar (e muito) toda a força e a vontade do verbo manter... Manter a cabeça erguida, manter firmeza diante dos contratempos, manter os espaços das tarefas a serem desempenhadas, manter a escolha sempre aliada à vontade. Manter tudo e manter sempre. Manter forte e manter dentro. Manter avante e manter para sempre até o Ano Novo tornar-se findo toda e qualquer vontade, desejo ou pretensão de torná-lo sempre novo. A cada dia. 

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Compromisso

Meu compromisso é com a vida, com a verdade, com o amor e a fé. Creio que a vida se paute por estas bases, ao menos a minha vida assim é. Não tenho compromisso com a perfeição ou com a dúvida, com o medo ou com os erros, não tenho compromisso com nada que não me aqueça o coração. Não tenho compromisso com a maldade, com a mentira, com a falta de função, com aquilo que já se perdeu ou perdeu qualquer sentido de ser. 


Meu compromisso é, a cada dia, acertar em ser. Acertar em , ao menos um mínimo, fazer melhor, mudar, transformar, romper crenças inatingíveis ou revogáveis. Romper com o que não é sólido, com o que não traz luz. Romper com barreiras do tempo que nos façam estagnar. Meu compromisso é estar de bem comigo e com meu coração, na certeza de ter feito o bem, ter feito o melhor, ter feito o mais simples, porém da forma mais correta. 

Também trago um compromisso com o sorriso, com a alegria, com a vontade de melhorar o que for possível. Trago na vontade o desejo de não ficar parada em antigas ações, em ransos perdidos que já criaram teias na estrada que ficou para trás. Também trago um compromisso com o que é bom, verdadeiro e significativo. Também trago um compromisso com a realidade e com o que me toca o coração. 


Se algo me toca a alma, toca meu mundo. E farei o possível e moverei céus e terras para que esse toque sentido em meu espírito seja reverberado na vida. Tudo o que é positivo me toca. Assim como tudo que é puro. Tudo o que é simples e fácil de entender. Tudo aquilo que traz o compromisso consigo mesmo e com o melhor é mais aceitável. E sempre fica tudo aquilo que significa. O coração é o termômetro. 

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A vida em si

A gente de vez em quando para no meio do tempo para pensar. E pensa em muitas coisas, sendo a vida, um tema prático e recorrente. Talvez porque a vida, quando vista assim, de frente, sempre nos pareça, a princípio, arremedo do tempo. Não, ao contrário, ela é rara e muito clara sobre si mesma e nós é que somos tamanhos ignorantes e sequer percebemos. 



A vida é um oásis no deserto e todas as hipóteses de propostas a serem vividas ela coloca bem a nossa frente, todos os dias. A vida em si é um só momento, mas não qualquer um, um grande momento ela é e enseja. Mas o que ela insiste em nos mostrar ? O que ela repete em nos dizer ? O que ela quer nos informar e fazer ver ? Na verdade a vida é um oco, mas um oco produtivo e repleto de intenções, das quais, nem sempre sabemos entender. 


Então, a vida vem e amanhece a gente todo dia. Assim, como quem não quer nada, ela nos põe para dormir à noite e nos acorda toda manhã, com a intenção de verificar se aprendemos. Se aprendemos a amar, a escolher coisas positivas, a encarar os problemas com suave felicidade, a sorrir, independentemente da dor que se sinta. Ela verifica se aprendemos com a dureza e, mais ainda, com as alegrias. Ela verifica se somos ágeis em nossos afetos, se somos certeiros nos desejos reais, se somos pessoas melhores no instante ali na frente do passado que ficou para trás. 



Daí você para, olha e pensa: o quanto já viveu... E talvez, pense de novo: se fez muito, se fez pouco ou se deixa a desejar e ainda precisa fazer muito... E a vida, calorosamente, te olha nos olhos, te pega pelos braços, te coloca a embalar e diz, mansamente, te recolhendo no peito, como mãe zelosa, dizendo por intuição e pensamento sem dizer qualquer palavra, que ela está ao seu lado, basta que você acredite que tudo é possível, porque assim é. 

domingo, 5 de outubro de 2014

Sinais do tempo

Agora eu entendi... porquê as flores dessa semana não abriram, porque estava tão frio... porque as palavras foram desertas... porque a ausência foi permitida. Agora eu entendi... porque já não chovia, porque eu queria tanto o silêncio... porque houve um arrepio no peito... porque a distância já não mais doía. 

Hoje entendi, porque, em tanto tempo, o significado era único e só eu não via... Porque a gente olha o vazio e se sente ali naquele meio... Entendi um porquê, assim, de uma vez, o coração era algo que sempre doía e isso se repetia... sem fim.

Hoje entendi, porque as palavras fugiram, porque esse vento que assobia lá fora é tão sinistro quanto a escuridão do peito. Hoje entendi, o modo imperfeito de tudo aquilo que a gente traz lá dentro, tão fundo, no abismo nosso de cada dia. 

Agora eu entendi... o que já devia ter ido... Agora eu entendi... o que já estava perdido... Agora eu entendi... porquê nunca veio... Agora eu vi e entendi... Agora eu vi, entendi e senti... E assim, eu fico aqui... Presa nesses sinais do tempo. 

domingo, 28 de setembro de 2014

Da vida que nasce, da vida que cresce, da vida que surge

A vida é isso de todo dia. Um ir e vir desenfreado, um pouco do que vai sempre inacabado na alma. A vida é esse ininterrupto sonho desse vasto mundo, que nos adormece e acorda, que nos alimenta e engana, que nos distrai e constrói. Mas caso não tenha se dado conta, a vida também é muito mais... O fato é que jamais paramos para pensar e mensurar todas as coisas, todos os entremeios, todos os pontos e conexões dos atos diários, sempre minimamente intrincados... E vamos vivendo. 



Vamos vivendo por vezes num turbilhão de emoções, uma tormenta de alma, um abrupto abismo desconhecido em que nos afundamos, a cada dia um tanto mais... Mas por vezes e quase que sintomaticamente, vamos vivendo o caminhar dos dias com uma fome avassaladora, de tantas e quantas vezes sem que sequer saibamos do quê realmente... Vamos vivendo e crescendo, vamos causando, nascendo e morrendo um pouco mais todo dia... 


Mas por outro lado a vida tem isso de bom, de nos deixar escolher àquilo que vamos decidir renunciar. Podemos renunciar ao que nos faz mal, ao que não mais significa. Podemos renunciar ao movimento antigo, tomando rumo novo no caminho. Podemos renunciar à própria sorte ao fazermos uma péssima escolha, ou, ao contrário, podemos nos arriscar e ter um ganho imensamente maior do que aquele que apenas calculávamos timidamente e o quanto é bom quando isso acontece só cabe na prática. 


Mas eis que, por vezes, nos embrenhamos numa vida em teoria e ela nunca sai do papel. Tadinha ! Assim resseca o caminho. O ideal da vida é o discurso e a prática, o sonho e o verbo, a fome e a vontade de comer e isso cabe somente a nós. Desenhar o destino é tão prático quanto colocar linha na agulha, um pouquinho de persistência e um bocadinho de teimosia, e a gente acaba por conseguir. Sair da teoria e enfrentar a prática é o momento dessa vida que surge, dessa vida que nos toma todos os dias o nosso maior tempo. E que bom quando dentro dessa temática ela nos traz e propõe apenas a felicidade. É tudo possível ! Pense nisso... 

sábado, 6 de setembro de 2014

A todos os outros

A todos os outros, minha consideração, meu afeto, minha reverência. A todos que não visitei, que não li, mas que admiro, que desejo, que me encantam, que me seduzem. A todos os outros a quem nunca senti, mas entendo, ouço e respeito. A todos os outros, que sempre me enfeitam, de uma forma ou de outra, porque habitam meus pensamentos, ainda que sequer saibam. Meu afeto é sincero a todos os outros, assim como minha hóstia de amor, meu cálice de paixão nunca confessada, ardida em silêncio. 


A todos os outros faço hoje o dia e agradeço. Agradeço por me fazerem parte, ainda que o todo seja incompleto, não sabido, inacabado, não visto e sequer comentado. Há uma atmosfera que envolve a todos os outros. Uma atmosfera real, de saudade, de medo, de vontade, de curiosidade, de intensidade em saber. E todos os outros jamais imaginam o que haveria de ser, caso eles viessem a ser, de verdade. Mas, diga-se a verdade: a vida é sempre doce pela existência de todos os outros. 


E todos os outros são, também, importantes, por fazerem parte do povoado imaginário. É através deles que se fortalece o instinto e a razão. É através do que não se cumpre que se projetam novos sonhos, outros desejos e novas esperanças. Afinal, nem todos os outros seriam um ideal, seriam perfeitos e, portanto, melhor que inspirem a ser. A todos os outros sonhos, a todos os outros desejos, a todos os outros ensejos, que se façam presente. Hoje e sempre. Por serem parte da minha realidade, ainda que de imaginação. Que enfeita e encanta. Que é necessária. Que é existente. Que é permanente. 


Que a todos os outros, nunca falte tempo e nem espaço. Que eles saibam hoje, aqui e agora, da sua importância, da sua relevância e da sua excelência. Não são menos. São sempre mais. Ainda que não estejam, ainda que não surjam, ainda que não movimentem, ainda que não saibam, ainda que não reconheçam. Ainda que apenas sejam eles todos os outros. Nunca serão menos.