"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



domingo, 18 de maio de 2014

Do que permanece

Domingo é dia que me lembro da gente. Quer seja por ter sido num domingo que nos conhecemos e que coincidiu em ser também o domingo da última vez em que estivemos juntos. Sim, embora a grande maioria das pessoas não ache, eu acho o domingo um dia lindo. Nasci num domingo de março, noitinha já. E assim também foi quando nasceu meu amor por você: num dia de domingo, como naquela música que diz, que é preciso te encontrar e te falar de qualquer jeito, sentar, conversar e depois andar de encontro ao vento.


Sim. Já é hora da gente se rever. Como amigos, bons amigos que somos. O tempo não nos fez perder. O entremeio de nós também não. Aliás, acho até que o tempo melhorou a gente nesses três meses de ausência física entre nossos corações. Porque o tempo ajudou a maturar aquilo que permanece. Nós começamos nossa amizade, nos conhecemos, nos vimos e nos encantamos e depois cada um seguiu seu rumo sempre mantendo perto a constância das palavras, que sempre acalma a saudade que você causa em mim. Se você sente de mim ainda não sei, penso que não... Mesmo porque eu não te deixo sentir. 



Em contrapartida você sente dia a dia o carinho das minhas palavras, essa constância da amizade, esse cuidado contigo e, principalmente, meu desejo de te ver bem, amado, querido e zelado por quem quer que esteja caminhando contigo. Faço prece de luz todos os dias. Te escrevo poesia às escondidas e às claras, tanto faz, a ordem e o tempo não importam. O que importa é sempre o que permanece aqui em mim. Esse sentimento tão imenso, tão lindo e que me encanta e me faz recriar teu brilho a cada segundo em minha alma. 


São já alguns domingos longe de você, mas nem por isso diminui-se alguma coisa por aqui. É sempre o que permanece e o que cultivo dessa nossa amizade, que cresce, modificada e linda entre a gente. Dos teus sorrisos em flor me abasteço, do som da tua voz faço minha música, do calor do teu abraço que ainda me aquece faço uma morada e da luz do teu olhar guio todos os passos dessa minha estrada. Logo ali, na próxima curva da vida sei que a gente se encontra, porque a gente tem no fundo da alma tudo aquilo que permanece. 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Sobre a Saudade

Saudade é um conteúdo. Um mistério infernal que causa um desassossego, uma possessão na alma quando sentimos. É estrada só de ida. Aquilo que não se perde da gente e quando notamos, nos domina ao ponto de nos subtrair à total míngua. Ela é um ser possuído por vontade própria. Vontade essa que, dependendo do dia, da hora, do momento ou da condição em que nosso coração se encontra, chega a esganar. 


Saudade é uma fome ininterrupta, um flagelo que faz o pensamento ficar atormentado, atraiçoado por aquela latência de se pensar no que não está ali ao lado. De quem nos falta aos olhos e aos braços.
A saudade também é produtora de sentidos únicos, porque basta uma única substância que seja: perfume, modelo de roupa, aparência física, algo qualquer que nos remeta a alguém nos enlouquece de pronto.


A saudade nos cega, nos inflama, nos mata aos poucos, escorre pelos dedos das mãos, entra na atmosfera do corpo e domina por completo. É bicho indomado, fera que nos reconhece pelo instinto e nos persegue até o fim, sem nos deixar sair ilesos de tanto sentir, de tanto pulsar e nos rasga. Saudade é frase que não termina, é verbo sem conjugação, é o substantivo abstrato mais concreto que existe no solo do coração. É recriada ao infinito, multiplicada como célula interminável da criação de nossos mais sinceros desejos. Saudade tem além de vontade, vida própria. 


A saudade é vilã, algoz do tempo. Nos faz noite. Mas também é mestra das nossas memórias porque é nosso único substantivo capaz de parar um único instante e guardá-lo para todo o sempre. 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Daquele amor à sua maneira

Sim, o amor que está aqui ainda é bem à sua maneira... Do seu jeito... Um amor muito liberto, muito suave e alegre que implode no peito todos os dias com uma saudade suave, uma saudade protetora, uma saudade, diria até espiritual. Sim, sei que tudo isso pode soar estranho. Mas é o que é e é onde estamos hoje. Nessa saudade envolta na névoa do tempo e que nos embala os dias, porque você quer manter esse amor assim: à sua maneira.



Hoje se completam três meses da nossa última miragem. Do nosso último encontro físico até então. Da última vez em que mantivemos o amor do seu jeito. E foi tudo lindo, desde o momento em que você foi me encontrar, alegremente naquela estação e conversamos e sorrimos e nos olhamos sem fim. E é bom relembrar poeticamente, todos os dias, daquele momento nosso, exclusivo, meu e seu. Naquele dia toda a existência parou para que pudéssemos nos reencontrar e, sim, foi um dia lindo. Um lindo domingo de verão em fevereiro, uma tarde em que nossos ponteiros eclodiram e nossos corações deram as mãos e nós dois, num abraço físico e espiritual nos amamos no tempo e no espaço que nos era único. Sim, porque para o amor não é preciso o tempo de uma eternidade. Um amor verdadeiro se faz de pequenos detalhes. Como foi o nosso naquela tarde.



Nos juntamos lado a lado, nos olhamos, sorrimos juntos. Vi seu olhar pela primeira vez a olhar o meu. Senti seu abraço. Senti suas mãos a segurarem nas minhas. Senti seus lábios ao beijar teu sorriso fácil. Conversamos sobre a vida, conversamos sobre o mundo, conversamos sobre tudo. Falei muito sobre você, desnudei sua alma pelos traços da astrologia e você me sorria e pensava: "Caraca, ela é bruxa, tá acertando tudo de mim e nunca havia me visto na vida!!". E passamos assim aquela tarde, contando estrelas em meio ao sol ardido de verão. Entre beijos, abraços, sorrisos e laços o amor se fez tão nosso, mas à sua maneira. 



E hoje canto em minhas palavras a saudade que se faz de você. A saudade que me fez voltar a escrever. A saudade que me fez escrever as poesias mais lindas da minha trajetória. Sim, porque as poesias de hoje contém muito amor, um amor imenso por você. E é esse amor imenso que te deixa livre, sem amarras, pelo mundo a viver e aqui, dentro de mim. É amor e eu sei que é, porque não dói, não me faz triste, ao contrário, me faz torcer para você a todo instante, torcer para que seja feliz, torcer para que volte quando quiser, torcer para que tenha na sua vida sempre muito amor e eu mando daqui, para o caso de que se o que tiver na real não for suficiente. Esse nosso amor à sua maneira é o que me faz hoje feliz. Por ter amado. Por amar, muito. Já disse: o amor está aqui e aí, conosco. Para sempre. 

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Horizontes perdidos

Andei pensando por esses dias em muitas coisas, claro que essa leva de feriados e o tempo mais ocioso me permitiram isso... e andei pensando nos meus "horizontes perdidos", explico... Denominei assim os horizontes que talvez sequer teriam existido se eu continuasse vivendo a minha realidade anterior, a que vinha seguindo desde os vinte e poucos anos... As coisas não estariam e não seriam como são hoje e nem seriam como pretendo que sejam daqui em diante... Ou seja, resgatei ou pelo menos penso em resgatar meus horizontes que achava perdidos, distantes de mim.



Observei que se continuasse naquela vida tranquila, da mulher casada, se tivesse tido os filhos que gostaria de ter, se tivesse dado continuidade aos negócios da família, não vislumbraria nada do que vejo hoje ali na frente, não teria começado outra faculdade, não teria conhecido as pessoas que conheci, não teria encontrado um novo rumo e um novo entusiasmo para a vida.


Quando somos crianças, nós, principalmente as mulheres, somos levadas a crer que só seremos felizes se formos mãe, se nos casarmos com um cara bacana, se tivermos uma casa organizada e formos mulheres e mães e esposas felizes. Ok. Fui criada com essa ideia e, sim, me casei com ela. E ela não vingou com o divórcio há dois anos. E ok de novo. Não há nenhum drama nisso. De repente olhei pra mim e não me vi ali naquele cenário do casamento. Os filhos não vieram e eu mandei o marido procurar outra  mulher que o fizesse feliz porque eu não estava ali dando conta de viver aquilo. Ok. 


E agora me pego aqui numa outra vida. Sozinha, mas com novos e bons amigos. Sozinha, mas com novo rumo a ser dado na carreira. Sozinha, mas amadurecendo a cada dia. Sozinha, mas com perspectivas de que, assim que conseguir estabilizar na nova carreira e estiver trabalhando no que quero vou investir em viagens para conhecer o mundo. Sozinha, sim. Viajar sozinha pelo mundo, conhecendo pessoas e lugares que imaginei mas que talvez não esperasse ir tão logo. Crescendo, ampliando meus horizontes que julgara ter perdido. Tranquilamente feliz. É o que temos ! Se Deus me deu uma nova encarnação numa existência totalmente livre de quaisquer amarras por quê não ser feliz comigo ? Vamos lá que a vida está logo aqui... Comigo e com o mundo ! E com muitos amores pelo caminho, é claro, porque o coração, esse não tira férias... Let´s go !