De cinzas e de cores

A vontade é de fugir descontroladamente atravessando por ruas e dobrando esquinas sem que nada possa me deter ou parar , na tentativa de que assim eu alcance aquilo que nem mesmo sei que estou indo buscar. Na verdade eu sei, sim, só não admito e não enfrento de uma vez... O dia está cinzento , nublado, chuvoso, triste...e por que não dizer melancólico, depressivo : encalacrado seria a palavra da vez. É um reflexo da minha alma que está exposta.

Esse cinza é de uma densidade tamanha que parece afundar minha alma, me pesa aqui dentro e só piora qualquer pensamento que eu tenha a respeito de qualquer coisa. Tenho refletido tanto, tenho pensado em tantas coisas, tenho me buscado tanto, mas sem me encontrar...

E essa intensidade de emoções interiores só me faz querer algo que não deveria, mas que não me deixa e me trás uma inquietação ofegante que me esgota as mais profundas células do meu ser por buscar e não encontrar, por querer e não suportar a dor desse querer imenso, mais imenso do que eu.

O dia cinza me pesa por inteiro e me trás uma saudade de dias que vivi ali atrás e nos bastidores desses dias eu tinha muita alegria, eu tinha vida, mesmo sem paz nenhuma. Hoje ainda não tenho paz e nem trago mais a vida de antes.

Não quero mais me lembrar desses dias de alegria vividos dentro desse passado e quero matar toda e qualquer saudade que possa existir de lá de dentro , nem que tenha que me virar do avesso para encontrar o tal ponto inicial que precisa ser descosturado, rompido, cortado.

Preciso me encontrar o quanto antes e nessa saudade que sinto de mim mesma, antes mesmo dessas cores que me chegaram eu quero ser eu , eu quero ser novamente imensa. Todo esse tumulto me fez ver que essas cores maravilhosas e inebriantes não podem fazer parte do meu arco-íris e nem do meu viver por mais ternura que me ofereçam. Elas são de tanto bem mas trazem um mal intrincado em si mesmas, em sua grandeza.

E a razão está fazendo as vezes de voltar ao seu lugar...nada como um dia depois do outro entrelaçado pela força do tempo que passa arrastado, apagando as arestas com suas grandes asas abrasadoras...