"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



domingo, 27 de abril de 2014

Da arte de deixar

Sim. Deixar é uma arte. Nem todo mundo tem capacidade de praticar o desapego, simplesmente porque o fato de abandonar, deixar, ir, seguir adiante é bastante difícil. Principalmente quando se trata de amor. Mais ainda quando o amor não terminou, a história partiu ao meio, um dos dois deixou o barco à deriva e não quis mais remar. E agora ? E hoje ? E depois de amanhã ? Como posso ir sem olhar para trás e sem relembrar tudo aquilo que eu vivia em sonho ?


Dessa arte de deixar, tão necessária, precisamos aprender a realizá-la. Sim. Deve haver um meio seguro e prático que nos faça deixar, de livre e espontânea vontade, que nos proporcione a ida sem tantos danos, sem tanto apuro, sem tanta dor, sem tanto olhar pelo retrovisor e querer impedir o vento de nos soprar que é ali, em frente, agora e sem ninguém que devemos olhar.


O coração não tem aquela valvulazinha que a gente pode puxar e pode deixar sair tudo o que não nos permite mais querer. Não. O coração é ambiente cheio e repleto e que se enche a medida em que o sentimento aumenta e aumenta grave, todo dia mais e um pouco, de manhã uma fração, à tarde de novo e à noite, já quase madrugada, pulsa pleno, recheado de quem nos é tão caro.


Que possamos juntos, em uníssono e em oração, aprendermos a deixar ir ou então a ir, simplesmente, pegar nossa bagagem de mão, nosso porta retrato, cds prediletos e livro de cabeceira e vamos. Vamos juntos, todos nós, os solitários de plantão, daremos as mãos em partida, porque acho que assim a despedida fica mais leve. Pode até virar uma canção ou um flash mob. Mas vamos, meus amigos, vamos embora, que quanto mais a gente persiste e insiste na despedida a arte de deixar torna-se ainda mais dura. Nos represa pelo tempo. Nos mata a alma. Nos atravessa. Andiamo... 

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