"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



quinta-feira, 24 de julho de 2014

Desilusão... danço eu, dança você, na dança da solidão...

E assim passam os dias, como num refrão de bolero... todos esses trechos de música apenas para espalhar e distribuir um pouco da solidão instaurada. Há quem morra de medo de tê-la por perto, mas, fato é que ela, sempre chega e nunca traz hora marcada e nem chama para um cafezinho... Ela adentra, rasgada e sorrateira, pela soleira da porta do coração e se instaura de modo incoerente, porque quando menos nos damos conta, estamos diante da sua roupagem negra e fria... Será mesmo ?


Não. Não tenho medo algum da solidão. Mesmo porque, em realidade que nos seja admitida e dita, nunca estamos sós. Temos a companhia de tudo aquilo que é genuinamente nosso ao redor. Temos a companhia dos nossos barulhentos pensamentos, das nossas fantásticas ideias, muitas vezes, tão ocultas, pela roupagem da poeira do tempo, mas é só vasculhar que elas estão bem ali... Temos as nossas doces lembranças do passado, os nossos sonhos, esses visitantes diários que nos alimentam e não nos deixam parar de mover... Temos as nossas saudades, daquilo que vivemos e do que ainda está por vir, que nos chega na metade do caminho do futuro... Sim, temos eles também, os nossos ladrões de sonhos, os fatídicos medos... Esses não deveríamos tê-los, mas temos.


Então o que é essa tal famigerada solidão ? Apenas um vocábulo chato a nos lembrar que estamos entremeados e escondidos na doce companhia de nossa própria alma e vontade ? É um fantasma a nos apontar que estamos à mercê das nossas escolhas e que, se por acaso nos encontramos num canto a vagar é por não termos sabido valorizar a companhia das pessoas tão queridas noutros cenários ? Mil interrogações serão feitas e nenhuma nos dará ao certo o que é em nossa vida essa "maestra" de infelicidades que adora um chororô.


Saibamos apenas, que de solidão também se vive, porque é nela e somente nela que entramos em contato com nosso EU, tão precioso e esquecido. É somente em companhia da doce solidão que temos a oportunidade de nos olhar e nos entender (se é que isso é humanamente possível). É somente de posse dos nossos sentidos solitários que somos "descobertos" em nossa melhor versão e que, podemos, olhar de perto aquilo que tanto nos amedronta e ao tomarmos ciência, podemos sorrir, porque o diabo nunca é tão feio como o pintam. Os momentos da vida mais ricos se dão com as nossas descobertas próprias, se dão com a nossa caminhada sozinhos, porque não há, num universo inteiro, uma única possibilidade de se viver eternamente em companhia de outrem, que não seja você mesmo. Pois é... Descobrir isso alivia ! Pode respirar agora :)

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