"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Para desapegar-se é preciso aceitar o que não se entende...

É complicado o processo do desapego. Porque não é só o desapego que precisa ser praticado , muitas outras coisas estão ali , arraigadas , muitas crenças , muitas verdades suas , muito é preciso se desenrolar até que se consiga realmente equilibrar tudo e dar adeus aquilo que lhe prejudica , aquilo que lhe machuca , aquilo que já não lhe serve mais e talvez nunca tenha querido lhe servir ou fazer parte.
É preciso entender que as emoções são matéria primordial dos relacionamentos (quaisquer que sejam) , assim como sentimentos. E não são material fácil de se trabalhar , de se fazer entender , porque quando falamos em relacionamento estamos falando de nós em comunhão com o outro e aí partimos desse pressuposto de termos diante da vida dois universos , muitas vezes , completamente diferentes... Uns mais simples , outros mais complexos , uns mais densos outros mais rasos , uns mais emocionais , outros mais racionais , cada um a sua medida , cada um desejando conquistar o seu espaço e o seu equilíbrio e aqui cabe uma observação de que , para alcançarmos o nosso espaço temos de observar (e compreender) os limites do outro.
O desapego encontra aí então , sua maior e melhor faceta , porque caberá da interpretação de se entender de que o nosso universo não é o mesmo do outro. As nossas ações não são as mesmas do outro. As nossas verdades talvez não vibrem com a mesma intensidade para o outro. As nossas crenças não são iguais as do outro. As singularidades são muito mais profundas do que imaginamos e é aqui que está a chave , é aqui que devemos buscar entender e enxergar tudo sob a ótica da imparcialidade e do entendimento.
Não é porque eu quero , que o outro tem de querer. Não é porque eu gosto , que o outro tem de gostar. Não é porque eu falo, que o outro irá ouvir. Não é porque eu faço , que o outro irá aceitar. E isso age em recíproca intensidade , isso vai e volta por diversas vezes. Não adianta querermos ensinar algo a quem não quer aprender e não adianta que alguém nos queira mostrar algo , que não queiramos ver. O nosso tempo não é o mesmo que o do outro. Os entendimentos são diversos e isso faz parte da essência , da arte de se relacionar em qualquer dos planos : amor ou amizade.
Portanto , é preciso aprender que nem sempre estaremos à altura da compreensão do outro. Nem sempre a nossa amizade será aquela que o outro espera que seja ou também que a do outro seja aquela da forma com a qual desejamos. Nem sempre estaremos dispostos a ceder , a agir com benevolência. Nem sempre estaremos dispostos a entender tudo isso e nem mesmo saberemos como lidar e o outro também talvez não saiba nada disso ! Mas tudo isso deve fazer parte do grande aprendizado dessa escola da vida e , muitas vezes , o único ingrediente necessário é a aceitação , mesmo que não se compreenda , profundamente , aceitar é a melhor solução e a que evita maiores perdas e sofrimentos mútuos.
É duro , é complicado , é profundo , é doloroso , mas é preciso... Depois de aprender (se é que aprendemos) , a gente não sofre mais... (será ?)...

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