Um de nossos maiores aprendizados se dá por meio das relações que desenvolvemos com as outras pessoas e este é sempre um grande desafio , porque aqui dentro cabem uma série de princípios e regras que geram expectativas , ansiedades , desconfortos , realidades complexas mas também podem nos entregar alegrias , compreensão , compaixão , felicidades e momentos inesquecíveis. O grande prazer da vida está em relacionar-se e aprender com esta arte.
Porém , por vezes , a estrada se perde e o caminho desvia-se de pontos comuns. A rotina pode ser um elemento intrigante que chega até a massificar outras atividades mais nobres caso não saibamos como lidar com ela , principalmente dentro dos relacionamentos amorosos. Mas não só ela pode ser vilã neste quesito. Aparecem também as desconfianças , a falta de diálogo , a incompreensão , o descompasso , a desimportância , a acomodação , a falta de afeto , aquilo que míngua os carinhos e os afagos sempre tão necessários à continuidade e ao florescimento do amor...
Naquilo que mata o amor não encontramos os culpados , pois os envolvidos , cada qual à sua maneira trazem a sua parcela de culpa , de desconsideração , de desleixo diante do fim ... Os momentos que não foram cultivados , os diálogos sem sentido , as palavras ditas nas horas impensadas , os gestos frios , o egoísmo , a falta de vontade , o desrespeito... Cada um tempera , ao seu modo , os deslizes que vão colaborando para o final , para o desenlace , para o desencaixe , para o desfiladeiro e o término da história.
Quanto ao que fere é opcional a parcela de culpa. Porque aqui cada um vai destilar seu veneno conforme melhor lhe caiba a intenção e , alguns conseguem engolí-lo e asfixiarem-se a si próprios , tolerando tempos e tempos , tolerando mágoas internas e rasgos incuráveis , tolerando dores que outros talvez não suportariam menos da metade. Enquanto alguns vão preferir fazer jorrar esse veneno através de palavras ou de atitudes que alcancem o outro da forma mais cruel possível , fuminando-lhe a alma , fulminando-lhe os sentimentos , fulminando-lhe a própria essência e fazendo se sentir uma criatura sem paz , sem aconchego , sem merecimento , à míngua... Não só as palavras ferem. O silêncio ou a indiferença também podem ser materiais combustíveis aos mais danosos estragos da alma.
Aquilo que fere , torna-se , portanto muito pior do que aquilo que mata , pois o que mata extingue , termina e encerra. O que mata tira o brilho mas também tira toda a possibilidade de continuação da história , de recomeço , de reconstrução. Aquilo que mata fecha e põe fim... excede. Já o que fere reverbera , se protrai , dói , não se recupera de uma hora para outra e consegue minguar as esperanças , transborda , ultrapassa e até mesmo cega ! Aquilo que fere penetra profundamente e o tempo de recuperação torna-se lento ou tão exageradamente necessário que chega a sufocar quem foi ferido... Mas recupera-se porque não há dor que dure para sempre. A dor também é algo que passa e quando assim finda é pleno o reencontro novamente da paz e da felicidade possíveis.
2 comentários:
Tudo é aprendizado!
Antes ver assim do que ficar se amentando.
É seguir em frente sempre!
Adorei o texto!
Adorei o blog!
Já estou seguindo!
Beijo!
"Porque não há dor que dure para sempre."
Dói, machuca, fere, mas sempre passa. Algumas vezes rápido, outras vezes tão lentamente a ponto de parecer uma dor interminável, mas não como diz o ditado: "Não há bem que sempre dure e nem mal que nunca acabe".
Adorei seu texto! Você soube se expressar muitíssimo bem!
http://perolairregulaar.blogspot.com.br/
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