Uma senhora muito simpática ontem, num café pós almoço, comentou sobre uma frase que havia lido de Mario Quintana, que falava sobre o jardim e o que não lhe mantinha vivo, ela não lembrava todo o teor da frase mas conseguiu transmitir a essência do que o texto dizia e eu, claro, com minha curiosidade infinda, fui pesquisar e achei o tal texto do poetinha querido que transcrevo abaixo :
"Todos os jardins deviam ser fechados, com muros altos de um cinza muito pálido, onde uma fonte pudesse cantar sozinha entre o vermelho dos cravos. O que mata um jardim não é mesmo alguma ausência nem o abandono... O que mata um jardim é esse olhar vazio de quem por eles passa indiferente."
O texto é bem singelo na simplicidade das palavras, mas sua essência é de uma grandeza, tão infinita, tão profunda, tão intensa ! Basta ler e reler pra absorver todo o néctar de sabedoria que se traduz por essas palavras tão ternas.
Esse jardim pode ser tantas coisas além de um jardim propriamente dito, pode ser a beleza da vida, que passa por nós, todos os dias e não somos capazes de perceber.
Outro dia , quando falei aqui da Espatódea , a flor, nem me dava conta de sua existência e fui descobri-la depois da música do Nando Reis e , qual não foi a minha surpresa, ao descobrir que passo todos os dias por uma árvore com elas, sim, espatódeas e quando olhei pra cima nem sei porque... pude ver a flor ali, todinha, como ela é. Fiquei perplexa e encantada.
Não reparamos em todas as coisas que deveríamos reparar e isso é ruim para nós mesmos, para nossa existência. Essa falta de "olhar" e "ver" nos mata a alma, nos mata um pouquinho por dentro todos os dias.
Olhar e não ver, não perceber a essência , realmente mata tudo aquilo que é importante. É como falar sem dizer, escutar sem verdadeiramente ouvir, aprender sem entender.
É por isso que procuro ao máximo absorver aquilo que olho e que vejo todos os dias, passando a admirar de um modo muito próprio, de um modo muito meu.
Observo e procuro transformar para dentro de mim aquilo, se for bom o que olho, dentro fica melhor ainda, mais intenso; se for ruim, deleto ou tento fazer uma outra visão, transmutando também. É um exercício prático que procuro fazer a todo instante.
Quantos jardins deixamos passar por falta de olhar, falta de perceber aquilo que realmente enfeita , aquilo que complementa e adorna ?
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