"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A onça e a rocha - Conto

Era uma vez uma onça que adorava passear pela floresta. Era uma onça meio jovem , meio velha mas que se achava ainda um tanto quanto imatura em seus caminhos pela vida.


Órfã de pai há alguns anos, teve de aprender a se virar sozinha desde então...tudo bem que tempo de onça é diferente de tempo de gente, porque bicho desmama bem mais cedo, mas essa onça , como era por demais diferente das outras onças da floresta, demorou muito tempo para desmamar, não sei ao certo, mas me parecia que ela queria ficar sempre filhote debaixo da asa de seu pai...Pérai...pai de onça é onça macho e onça não tem asas...o que é isso ? Ah ! Foi só para exemplificar melhor, não levem tão ao pé da letra essa história de onça com asas... Se bem que...não sei agora...Mas essa onça aqui da história costuma viajar bastante e acredito agora mesmo que ela venha de uma família de onças aladas, todas com asa sim ! E por que não ? Ahhh... a onça é minha e se eu quero que ela tenha asas ela assim as terá e poderá muito bem voar, o conto é meu e ponto. Continuando...

Essa onça tinha sempre uma pressa incomum para tudo em sua vida, queria aprender tudo logo, queria viver tudo logo, queria desbravar o mundo, conhecer outros recantos escondidos pela floresta e tudo rapidamente, sem esperar...Sabe aquele coelho da história da Alice , que estava sempre se achando atrasado para tudo e vivia correndo ? Pois então, assim era a nossa onça, sempre querendo que tudo fosse para ontem.


Mas a vida se encarregava sempre de colocar um freio nela e nem tudo o que ela queria ela conseguia ali, naquela hora e tinha de se conformar e esperar... A onça , um belo dia, casou-se com uma onça macho que conhecera nessas suas andanças pela floresta e era muito feliz em seu casamento. Aí eu me pergunto : como é que será a felicidade de um casamento de onças ? Será que qual dos dois urra primeiro em casa ? E os carinhos entre os dois ? Têm unhada ? Deve ter , né ... e unhada de onça dói pra burro ! Ah, mas o burro não vai entrar nessa história aqui , não , fica pra outro dia porque já está ficando longa e de conto vai acabar virando um romance. Mas é justamente no romance que eu quero chegar ... Explico :


Um belo dia, a dona onça encontrou em suas andanças (sim, ela andava muito pela floresta, coisa que ela não gostava era de ficar parada...) uma rocha , mas era uma rocha diferente. Uma rocha que trazia um certo ar de mistério , um encantamento e que, assim que a onça avistou aquela rocha em seu caminho ela parou, cheirou a rocha, contornou a sua volta como que se decorando e analisando como aquela rocha havia ido parar ali bem no meio do seu caminho e sentou ao seu lado. A onça não sabia bem explicar porquê , mas quis ficar ali ao lado da rocha, apenas admirando-a, descobrindo cada pedacinho daquela rocha encantada, imaginando em suas viagens surreais como aquela rocha houvera sido formada, há quantos milhões de anos ela estava ali e ela nem havia se dado conta disso...Era uma rocha jovem , ela imaginava, mas seu interior era jurássico, pré-histórico mesmo e isso lhe inspirava imensa sabedoria, conhecimentos longínquos, atrelados de outras formações rochosas anteriores desde a época da formação da Terra. Isso tudo aí já é viagem da cabeça da onça que sempre foi surreal e bota viagem nisso, porque quando ela entrava numas de viajar em seus devaneios ninguém a segurava mais em terra firme, nem mesmo seu marido onça macho que achava que mandava nela...ela era uma onça sem fronteiras, sem amarras, livre em seus pensamentos e em seu viver...seu lema era liberdade.


E , como que por um encanto , a rocha levantou-se do chão inacreditavelmente e a onça arregalou seus olhos imensos e não conseguia crer naquilo que estava acontecendo , mas de dentro da rocha brotou um anjo. Sim, um anjo ! Um anjo com asas e tudo mais de anjo ! Um anjo suave, lindo, azul, era o anjo mais lindo que a onça já vira em toda a sua vida...Ei, mas só agora me lembro que ela nunca havia visto um anjo antes, era a primeira vez...E a onça ficou embasbacada, sem ar, sem fôlego, quase tendo um infarte de tanta emoção ao ver aquele anjo...Sim, seu maior sonho, de toda a vida até ali era de encontrar um anjo de verdade...ela era onça mas tinha um coração meio mole, gostava de coisas belas e sempre sonhara com anjos, com o céu, com voar pelas nuvens...era uma onça surreal mesmo, como só ela sabia ser ! Tudo para ela tinha de ter intensidade, senão não valia a pena...


E ela ali, naquele momento em que o tempo parou e aí ela descobrira o porquê de querer ficar ao lado da rocha desde quando a encontrou. Porque a rocha escondia um anjo...o seu anjo , que era o que ela mais queria e a partir dali, daquele momento em diante...teria um anjo seu...que fazia morada em sua rocha e era , desde muito antes daquele momento , aguardado pelo seu coração...Nunca mais ela quereria separar-se do seu anjo que estava ali, bem a sua frente e ela estava tão feliz porque ele existia de fato e teria vindo para ela, sua busca terminara...

Seu anjo lhe ensinaria muita coisa a partir dali e ela sempre o teria ao lado, protegendo, ensinando-a, dividindo sua vida. Era como se ela já conhecesse aquele anjo de outros tempos, de tempos em que ela não era onça e ele não era anjo, ela já havia sonhado com isso.

Ela acreditava muito em sonhos, era uma onça sonhadora e estar ali já havia sido feito parte dos seus sonhos, dos seus sonhos mais reais e assim foi feito...apenas porque ela sempre acreditou em sonhos e nunca iria deixar de acreditar...

Ué, mas e o romance que era justamente onde eu queria chegar ?....O romance ? No próximo conto eu conto,  esse termina por aqui...

Assim como era a primeira vez que a onça encontrava seu anjo, esse foi também o meu primeiro conto. Espero que seja o primeiro de muitos...

6 comentários:

Amélie Poulain disse...

AMEI!!
Caraca, vc escreve muito muito muito muito bem!!
Parabéns!!!

Prendeu minha atenção, e a de todos aqui, pode apostar, e nos deixou com aquele gostinho bom de quero mais!!!

E o próximo conto, quando vem??

Beijos!!!!!!!

Parabéns, mesmo e mesmo e mesmo!

Márcia de Albuquerque Alves disse...

Vannnnnnnnnnnnnnnnnnnnn espero que seja o primeiro mesmo, o primeiro de muitos!
Muito legal!

Parabéns!!!!

Borboleta no Casulo disse...

Amigaaaaa, vc é feraaa msm heim...e a cd dia te admiro mais e mais!!!Adoreiiii!!
Bjs

CARLA STOPA disse...

Delícia ler-te...

DÉIA disse...

Vc é muito boa msm... cada dia seu blog esta cada vez mais lindo...

Will Lukazi disse...

Estou surpreso aqui vanvan marruá...rsrsrsr...

está me saindo uma bela de uma roteirista, sabia.

Posso te afirmar que esse anjo tbm aprendeu muito com essa onça, é que eu sinto isso no texto...rsrsr.....


a ultima imagem do post achei de um simbolismo muito forte: a rocha por debaixo dos pés como se estivesse sendo vencida, como se descobrisse uma força maior que ela.....


tô com uma sensação de que vai ter continuação aí viu....rsrsr.


bj vanvan......