"Coração é terra que ninguém anda
e também terra que ninguém vê ,
e ainda que não se veja ,
só nos restam o calor dos afetos
e o versejar das palavras" CORA CORALINA
Apaixonar-se é , na grande maioria das vezes , percorrer por entre caminhos desconhecidos. Rir , chorar sozinho , esconder-se da vida e de si mesmo e carregar em seu interior apenas o desejo latente de estar com o outro , de fazer parte do outro , enxergar-se no outro e com ele em todos os momentos. Apaixonar-se é desenxergar-se e passar a olhar apenas a pessoa amada , dedicar-se em prol desse combustível aflorado que se renova sempre em presença do objeto desejado. Apaixonar-se é ser ridículo e despreocupadamente bobo , feliz e em estado de graça permanente.
É um emaranhar-se de desejos e de sonhos inconsumíveis , é viver em estado de graça , é morrer momentaneamente quando os laços se deixam , os abraços se apartam , os lábios se deixam e os olhares se descruzam. É acordar todos os dias em sobressalto e buscar o melhor alinhamento , interno e externo para , ao encontro da pessoa querida , desfrutar de silenciosos e profundos segundos de deleite e de emoção embargada. É correr riscos , é não ligar para os lugares comuns , é perder o medo e o senso do ridículo , é tornar-se refém de atos incalculáveis e inimagináveis a todo momento...
Mas , a paixão não é eterna e logo se vai , se minimiza e por tantas vezes se apaga , deixando no coração apenas as brasas apagadas e as cinzas que sujam e poluem o solo fértil de nossa morada interna. Assim , como em um sopro , ela nos abandona e nos libera , muitas e tantas vezes nos liberta do cativeiro irreconhecível que nos guarda , nos cega e nos imobiliza quando escravos de suas emoções. Enfim , ela deixa profundas e dolorosas cicatrizes quando termina. Cicatrizes que talvez , em futuro não muito distante , sejam minimizadas , sejam tratadas , sejam aliviadas pelo doce antídoto chamado tempo.
2 comentários:
Nossa.....doeu!
ai-ai-ai minha amiga Van....
e nesse combustível chamado paixão a gente acelera até aos confins de hoje vida. Sim, esquecemos de nós mesmos, pois nós mesmos já não é o que nos interessa mais.
Contudo como todo combustível ele acaba mesmo, como você disse, e o que sobra é um tanque, coração vazio; sobra um veículo, corpo que já não consegue mais prosseguir.
E temos no tempo o nosso mercúrio cromo, o nosso band-aid, a nossa faixa e torniquete...
Van, que texto mais saboroso, amiga...parabéns!
Parece inspiradíssima hein!!!!
(como se fosse alguma novidade) rsrsrs
Super Beijo!
Postar um comentário