"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A onça e seu anjo - Continuação do conto : A onça e a rocha...


Nossa onça , livre como sempre fora , encantou-se com a descoberta de seu anjo dentro daquela rocha magnífica que encontrara no seio da floresta e, como se estivesse encantada, não conseguia mais afastar-se dele , era uma atração , um desejo de ficar mais junto dele maior que ela e ela não conseguia entender esse seu súbito interesse em estar com aquele anjo, aquele ser divino que até bem pouco tempo ela desconhecia , mas que agora , nesse momento , fazia parte de seu mundo , lhe trazia lembranças de algo que ela não entendia muito bem , mas eram sensações boas , sensações de paz, de amor , de encantamento , de sabedoria , de luz.


Ela logo buscou um meio de se comunicar com o anjo , sim , porque onça não sabe falar língua de anjo e nem anjo sabe falar língua de onça e foi então que ela se lembrou de um sábio que havia passado pela floresta e que , enquanto ela cochilava por entre os arbustos em suas sestas das tardes , ele sentava-se à beira do lago e costumava ler muitos livros em voz alta , como se lesse aos espíritos das florestas e aos animais ali abrigados em suas tocas. E um dia ele lia um livro , enquanto ela cochilava escondida e ela ouvia o que ele lia. Ele falava sobre uma língua universal , falava que existia uma língua por meio da qual todos podiam se comunicar e se entenderem , era a linguagem do Amor. E foi o que ela tentou fazer para comunicar-se com seu anjo, tentava usar a linguagem do Amor.


O sábio , ao ler seu texto, dizia que essa linguagem provinha do coração, do sentimento e era a mais pura essência da Alma , para falá-la não era preciso nenhuma técnica específica. Era preciso apenas nutrir-se dos melhores sentimentos e comunicar-se com a voz do coração.
E nossa onça, de coração mole, como já dissera noutra oportunidade, sabia muito bem o que era usar a voz do coração. E assim ela o fez e começou a se comunicar com o anjo. Dizia tudo o que sentia a ele , dizia o quanto ele era importante ali naquele momento de sua vida , dizia o quanto ela não queria separar-se dele , dizia o quanto ele havia mudado seu sentido de viver, dizia a ele o quanto ela o amava a partir dali e não havia como voltar atrás , como regredir tamanho sentimento.
Mas o fato é que a onça percebeu que o anjo trazia em si uma melancolia , uma dor estranha , contida em si, uma dor incomum aos anjos... e ela percebia isso porque , ao falar com amor ele não retribuia , não do modo como ela queria  , ele bem que tentava , mas era meio confuso , não tornava-se claro em seus sentimentos e , talvez até entendesse ser impossível um amor de onça por anjo e se esquivasse disso ou estivesse confuso em relação ao que sentia. Mas acontece que ele não conseguia dizer e a onça não entendia o porquê ?


Um dia ela resolveu que seria direta. Que não mais usaria a linguagem do Amor para dizer a ele o que queria saber , mas sim , seria direta ao querer saber se , de fato ele gostava dela com todas as palavras assim ditas dessa forma. Ao passo que nosso anjo respondeu , mas respondeu com linguagem de nuvem , num sopro em silêncio e a onça não entendeu... achou desaforo , tanto esmero , tanta dedicação e delicadeza para receber do anjo apenas um sopro , um suspiro , um murmúrio inconsciente...


A onça ficou arrasada e nem sabia mais o que fazer nesse momento. Sentia que seu rumo , a partir dali , deveria ser ao lado daquele anjo amado , mas como , sem saber se ele assim a queria ? Como , sem saber que esse era um desejo dele também , uma vontade em comum ?
E a onça pensava num meio de conseguir que o anjo dissesse um sim , ou um não , mas que fosse claro como água , que fosse realmente sincero , que fosse real e não mais habitasse o mundo das ideias. Ela precisava dessa resposta para continuar ! E não irá desistir até que consiga obter um sinal , para que possa seguir seu caminho : com ou sem seu anjo amado...

4 comentários:

O Divã Dellas disse...

Um dia sem aparecer por aqui parece 01 ano...
Saudade!!!
Abraço,
Cinthya

http://odivaadellas.blogspot.com

Anônimo disse...

Van querida, linda, fofa e maravilhosa..
haha

tive que ler o texto abaixo para poder compreender melhoer esse. Claro que não precisaria pois todos seus textos são como se fosse um assunto novo e compreensível.
Adorei, não sei se fico triste ou feliz dela ter partido sem o anjo amado..
Pareceu um texto de perda :( Mas posso estar errada.
Tu tem o dom com as palavras, parabéns. Beijos flor.

Anônimo disse...

Adorei seu blog!

Bjs

Will Lukazi disse...

pôxa Van, ja vai pra parte II. espero que nao seja tipo a serie do sexta-feira 13 que nao acaba nunca,alem de se de terror né.

Lembre que os Habitats das onças e dos anjos não sao nada parecidos. talvez isso ajude a distancia entre ambos.

estou atento aos proximos capitulos.


bj van...