"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



sábado, 20 de agosto de 2011


"Coração é terra que ninguém anda
e também terra que ninguém vê ,
e ainda que não se veja ,
só nos restam o calor dos afetos
e o versejar das palavras"    CORA CORALINA


Apaixonar-se é , na grande maioria das vezes , percorrer por entre caminhos desconhecidos. Rir , chorar sozinho , esconder-se da vida e de si mesmo e carregar em seu interior apenas o desejo latente de estar com o outro , de fazer parte do outro , enxergar-se no outro e com ele em todos os momentos. Apaixonar-se é desenxergar-se e passar a olhar apenas a pessoa amada , dedicar-se em prol desse combustível aflorado que se renova sempre em presença do objeto desejado. Apaixonar-se é ser ridículo e despreocupadamente bobo , feliz e em estado de graça permanente.


É um emaranhar-se de desejos e de sonhos inconsumíveis , é viver em estado de graça , é morrer momentaneamente quando os laços se deixam , os abraços se apartam , os lábios se deixam e os olhares se descruzam. É acordar todos os dias em sobressalto e buscar o melhor alinhamento , interno e externo para , ao encontro da pessoa querida , desfrutar de silenciosos e profundos segundos de deleite e de emoção embargada. É correr riscos , é não ligar para os lugares comuns , é perder o medo e o senso do ridículo , é tornar-se refém de atos incalculáveis e inimagináveis a todo momento...



Mas , a paixão não é eterna e logo se vai , se minimiza e por tantas vezes se apaga , deixando no coração apenas as brasas apagadas e as cinzas que sujam e poluem o solo fértil de nossa morada interna. Assim , como em um sopro , ela nos abandona e nos libera , muitas e tantas vezes nos liberta do cativeiro irreconhecível que nos guarda , nos cega e nos imobiliza quando escravos de suas emoções. Enfim , ela deixa profundas e dolorosas cicatrizes quando termina. Cicatrizes que talvez , em futuro não muito distante , sejam minimizadas , sejam tratadas , sejam aliviadas pelo doce antídoto chamado tempo.

2 comentários:

CultoDiferente disse...

Nossa.....doeu!

Will Lukazi disse...

ai-ai-ai minha amiga Van....

e nesse combustível chamado paixão a gente acelera até aos confins de hoje vida. Sim, esquecemos de nós mesmos, pois nós mesmos já não é o que nos interessa mais.

Contudo como todo combustível ele acaba mesmo, como você disse, e o que sobra é um tanque, coração vazio; sobra um veículo, corpo que já não consegue mais prosseguir.

E temos no tempo o nosso mercúrio cromo, o nosso band-aid, a nossa faixa e torniquete...

Van, que texto mais saboroso, amiga...parabéns!
Parece inspiradíssima hein!!!!
(como se fosse alguma novidade) rsrsrs

Super Beijo!