Muitas coisas , muitos fatos , muita diferença de como o mês começou e como ele está terminando... Assim como esse ano também , começou de um jeito , trouxe outros caminhos , novas respostas , muitas lembranças , mas agora , ao seu término , tudo o que era antes já não é mais a mesma coisa , já não são mais os mesmos tempos e mudou-se o cenário da realidade.
Sigo em um período de alta , extrema observação e meditação dos caminhos que por mim andam passando , já sem muito querer recuar , mas também sem nenhuma noção do para onde ir. É tudo desconexo , é tudo mais ou menos quando a gente resolve que tem de viajar , mas ainda não sabe para onde , ainda não comprou passagem , ainda não provisionou nenhuma bagagem. É ainda tudo incerto , é ainda um meio termo que não dá sustância e nem se sustenta.
O período é de alta densidade e de alta complexidade também porque muita coisa que importava , hoje já não faz diferença nenhuma. Muita coisa que era assim , hoje está assado. Muita coisa que foi de ontem nem será mais o do amanhã que era tão esperado.
E aqui , assim , mantenho-me a observar , apenas , na mansidão e na inquietude dos meus pensamentos diversos , sim , porque eles se mantém calmos enquanto se inquietam e é sempre o paradoxo complexo de tudo aqui dentro.
Mas as palavras também me fazem bem , me fazem colocar um pouco de ordem no caos , ou pelo menos deixam sair aquilo que a mente insiste em ficar pensando , em ficar martelando , em ficar mostrando. A mente é um troço danado e se a gente não refreia ela com a força de um impulso dominado, racionalizado para que ela possa pensar nas próprias palavras que está a escrever , ela começa a pensar em coisas desnecessárias e ela faz também todo um desenho desnecessário de ideias insubstanciais que não se colocam em lugar nenhum e nos deixam a vagar por entre nós mesmos. Confuso isso , né ?
É a confusão que brota e que sabe que já chegou a hora de instalar o silêncio. O silêncio de não buscar mais nenhuma palavra. O silêncio de tentar encontrar onde está a si mesmo em meio a toda essa confusão. Eu já observei todas as pessoas , eu já passei algumas horas a buscar soluções no computador , nos livros , nos manuais , nos dicionários , nas canções , nas pilhas de roupas sempre desarrumadas pela casa que sempre pedem por organização. Eu já olhei pela janela , já percorri outros caminhos e voltei para casa. Já saí à noite , já saí de dia. Já acordei , já dormi. Já comi, tomei banho , escovei os dentes e vi o tédio me abandonar. Já deixei meus dedos cansados de tanta escrita , já marejei meus olhos em meio a tantas letras de tantas frases percorridas e nada adiantou. Só o silêncio resta. Só o silêncio apruma. Só o silêncio traz de volta. Só o silêncio põe no lugar. Só o silêncio organiza o que ainda nem começou. Mas nem o novo Sol nasce do silêncio , mas é no silêncio de todas as noites que o amanhecer se realiza...