"Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante. Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado...e nos perderemos no tempo... Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores...mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !" - Vinicius de Moraes



quarta-feira, 30 de julho de 2014

E esse amor ? Esse tal ? O que te pareces ?

Não, eu nunca maldirei o amor. Ainda que ele não tenha sido um cara legal comigo, nunca será por mim maldito ou mal recomendado. Ele não foi um cara legal comigo porque, simplesmente, eu fui criada alimentada por contos de fadas e nos contos todos os finais são felizes e ainda não vivi nenhuma história de amor com final feliz. Só por isso... Mas acredito que seja possível, porque o amor como já disse inúmeras vezes por estas páginas, é construído, tempo a tempo, dia a dia, forma a forma dentro de compassos que se interpenetram e se entendem... 


Ainda que eu não o compreenda, de todo, eu o sinto em sua magnitude e intensidade completas. Porque sentir difere de entender. Os seus arranjos e rearranjos, o seu compasso, o seu tempo eu não compreendo, também não compreendo o estado que ele escolhe para acontecer. Mas o que ele é capaz de fazer, de transformar, de intensificar ao redor, de colorir, de gerar, sim, isso eu sinto e em enorme grau. Sentir o amor por muitas coisas simples me dá um estado de graça. Sentir o amor por outra pessoa, me coloca em conexão com meu próprio eu, porque me descubro pelo outro, pelo contato do que nos transformamos quando estamos juntos. 


E isso se dá de maneira tênue, eficaz, porém singular. Sentir o amor pelo outro, ainda que ele por mim não o sinta, eu o sinto. E essa sensação de sentir e tocar o outro através do próprio amor, é como um certo alimento da alma. Alimento que me informa que através do outro, daquele alguém que me é tão caro é que posso me enxergar como sou. Porque o outro me reflete e isso pode ser para o bem ou para o mal. É pelo amor do outro que me vejo e que saem de mim os diversos sentimentos que tanto podem ser positivos quanto negativos. Eu alimento esses sentimentos com as proporções do amor que sinto por alguém. E faço questão, eu, aqui, pessoalmente falando, que sejam extremamente positivos. 


Por isso, só aceito um amor, ainda aqui falando dos amores platônicos e irrealizados, porque como disse ainda não vivi história feliz nem quando achava que viveria uma para sempre, essa já ficou estancada no passado. Então, só aceito aquilo que é bom, que me faz bem e isso vem quando sei que, aos olhos do outro sou algo bom também, aos olhos do outro sou aquilo que lhe faz bem, aquilo que lhe dá certo sentido. Aquilo que lhe expande em beleza e vigor. Aquilo que lhe preenche os dias em felicidade. Aquilo que lhe faz abrir um sorriso, que lhe aquece o coração naquele instante. Quando deixo de ser todo esse sentido do amor, parto. Porque sei que ali posso estar a fazer uma ferida. Porque ali já não sou mais alegria. Porque ali já virei um arremedo. Porque ali já não mais sou essência, sou fardo. Porque ainda que triste, é preferível uma significativa saudade, de algo de bom, do que a dor de se fazer lembrar de algo que não se queira viver. É o que me parece. 

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